Acessar o conteúdo principal
Chernobyl

Uso de energia nuclear divide a Europa

Os jornais franceses desta terça-feira (26) trazem uma reflexão sobre o papel da energia nuclear no mundo lembrando os 30 anos do desastre na usina de Chernobyl, na Ucrânia. O diário conservador Le Figaro elogia o fato de haver consenso entre a centro-esquerda e a centro-direita francesas para continuar apostando nos reatores – responsáveis por 75% da eletricidade do país.

"Qual é o futuro do nuclear?", pergunta Le Figaro em sua manchete
"Qual é o futuro do nuclear?", pergunta Le Figaro em sua manchete Reprodução
Publicidade

Le Figaro separa o comportamento dos países em três grupos. A Europa está dividida quanto ao uso deste tipo de energia. Estados Unidos e Espanha adotam uma postura parecida, hesitante e cautelosa, de não descartar os reatores, mas de utilizá-los de forma parcimoniosa.

Já em um terceiro grupo, o dos países em desenvolvimento, a expansão da energia nuclear é flagrante. Em seu atual plano de desenvolvimento, a China decidiu dobrar sua capacidade de produção. Já a Índia decidiu que, até 2020, 40% de sua energia não emitirá gás carbônico: ou seja, portas abertas para o nuclear. Na Rússia, a gigante do mercado Rosatom já tem encomendada a construção de pelo menos 30 novos reatores, com um orçamento de US$ 100 bilhões em 12 países diferentes.

Alemanha x França

A divisão da Europa sobre o assunto fica clara nas posições divergentes de França e Alemanha. O país de Angela Merkel, assim como a Itália, decidiu banir a energia nuclear na esteira do trauma da usina de Fukushima, no Japão. Já a França permanece irredutível: é o país que mais depende da energia nuclear no mundo, do ponto de vista proporcional.

O país abriga 58 dos 444 reatores em atividade no mundo. E os franceses não estão dispostos a abrir mão da tecnologia, que é motivo de orgulho para o país, com um baixíssimo índice de incidentes. Le Figaro diz que, "com sua tecnologia, sua capacidade de exportação e seus milhares de empregos, o nuclear constitui uma área de excelência excepcional para a França".

Em editorial, o jornal diz que há consenso entre a esquerda e a direita francesa. Ambos acreditam que a transição energética do nuclear para as energias renováveis deve ser feita lentamente, "sem traumas econômicos".

Essa transição francesa será feita de fato aos poucos: até 2025, o país pretende reduzir de 75% para 50% a sua dependência da energia nuclear. Nenhuma usina será fechada antes de 2019 - a preocupação são os 220 mil empregos gerados pelos reatores.

Libération

Já o jornal de esquerda Libération traz uma visão menos otimista sobre a energia nuclear. O diário lembra que o custo humano e financeiro dos reatores é gigantesco: Chernobyl gerou um prejuízo de US$ 1 trilhão para a Ucrânia, Rússia e Bielo-Rússia, enquanto Fukushima custou ao Japão US$ 1,5 trilhão.

O jornal afirma que um único incidente na França, mesmo sem ser grave, custaria pelo menos € 140 bilhões. Libération defende que a França siga o exemplo dos vizinhos Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica e Suécia, banindo a energia nucelar.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.