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Linha Direta

Coautor de atentados de Paris será transferido para França em até 90 dias

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Desde o último sábado (19), Salah Abdeslam, o único sobrevivente dos autores dos atentados de novembro de 2015 em Paris, está preso na ala de segurança máxima do presídio de Bruges, na Bélgica. Durante quatro meses, Abdeslam foi o homem mais procurado da Europa. O advogado de Abdeslam, Sven Mary, cujo apelido é “advogado dos crápulas”, diz que seu cliente se recusa a ser extraditado para a França.

O terrorista Salah Abdeslam foi preso pela polícia belga em 18 de março de 2016 em Molenbeek.
O terrorista Salah Abdeslam foi preso pela polícia belga em 18 de março de 2016 em Molenbeek. REUTERS/VTM
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Da correspondente da RFI em Bruxelas

As autoridades francesas acreditam que Abdeslam não irá escapar de um processo em solo francês. É só uma questão de tempo. Para o ministro da Justiça francês, Jean-Jacques Urvoas, a decisão definitiva sobre a extradição deve ocorrer em um prazo de 60 dias ou 90 dias, se ele recorrer.

A extradição será um procedimento exclusivamente judiciário, no qual o poder executivo não deverá intervir. Segundo o advogado do acusado, antes será preciso responder ao processo de investigação em curso na Bélgica. “Não devemos nos ajoelhar diante das autoridades francesas em razão de um sentimento de culpa”, declarou. Mas o ministério da Justiça francês assegura que a recusa de Abdeslam não impedirá sua transferência, ao esclarecer que o pedido da França foi um mandado de detenção europeu, e não um pedido de extradição.

Procuradoria belga identifica cúmplice dos ataques

Um dos cúmplices dos atentados de Paris, até agora conhecido sob a falsa identidade de Soufiane Kayal, foi identificado hoje como sendo Najim Laachraoui, de 24 anos, segundo a procuradoria belga. A nacionalidade do rapaz não foi informada, mas sabe-se que ele partiu para a Síria em 2013. 

Laachraoui alugou uma casa na Bélgica que serviu para a preparação dos atentados na capital francesa. O homem está foragido. Os investigadores belgas suspeitam que ele seja um especialista na fabricação de bombas, que confeccionou os coletes explosivos utilizados pelos terrorristas do grupo Estado Islâmico.

Abdeslam está preso na cidade turística de Bruges

Abdeslam está preso no complexo penitenciário de Bruges, considerado o mais seguro do país e conhecido por abrigar detentos agressivos e suspeitos de terrorismo. As instalações destinadaa a esses detentos ficam em uma área de segurança máxima, com regras extremamente rígidas. As celas individuais têm portas duplas, são vigiadas 24h por câmeras de vídeo e vistoriadas todos os dias em intervalos de 5 a 10 minutos por guardas com formação especial. Dentro das celas, há apenas uma cama e uma mesa fixadas no chão, um aparelho de TV protegido por uma tela de acrílico e um pequeno banheiro.

No presídio de Bruges, além de Abdeslam e de dois outros cúmplices presos na operação policial da última sexta-feira, está o franco-argelino Mehdi Nemmouche, suposto autor do ataque terrorista ao museu judaico em Bruxelas, no qual quatro pessoas morreram, em 2014.

O procurador francês, François Molins, revelou à imprensa que Abdeslam havia confessado que “queria se explodir no Stade de France” na noite dos atentados, mas que “desistiu”. A reação do advogado de defesa de Abdeslam foi imediata. Sven Mary afirmou que vai apresentar queixa nesta segunda-feira contra Molins por violação do segredo de justiça. “Até agora, ninguém tinha dado pormenores da investigação, apenas sobre o estado de saúde do meu cliente e sobre os trâmites do processo”, disse. No entanto, não há perspectivas para que a denúncia siga em frente.

Tanto o Código Penal francês como o belga permitem a derrogação do segredo de Justiça. A Bélgica também revelou outras informações sobre o dossier. Neste domingo (20), o ministro das Relações Exteriores belga, Didier Reynders, declarou que Abdeslam tinha a intenção de cometer novos atentados, que desta vez, seriam em Bruxelas. Reynders disse que foram encontradas “muitas armas, armamento pesado, durante as primeiras investigações, além de uma nova rede ao redor de Abdeslam na cidade”.

Abdeslam colabora, diz advogado

O procurador de Paris, François Molins, está hoje em Bruxelas para se reunir com a procuradoria belga. Juntos, eles vão analisar o resultado das investigações. Na próxima quarta-feira, será a vez de Abdeslam se apresentar a um juiz de instrução na capital belga. Provavelmente, sua ordem de prisão será prolongada por mais um mês.

Em entrevista ao canal de TV belga RTBF, o advogado de Abdeslam disse seu cliente é uma peça fundamental nas investigações. “Diria que ele vale ouro. Ele colabora, se comunica, acho que seria interessante dar tempo ao tempo, para que eu e os investigadores possamos falar com ele”, disse.

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