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Áustria/Imigração

Enquanto Europa discute crise migratória, dezenas de corpos são encontrados na Áustria

Enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, e os líderes dos países bálticos discutiam em Viena uma estratégia comum contra a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, a polícia austríaca fez uma descoberta macabra: entre 20 e 50 imigrantes mortos em um caminhão estacionado em uma rodovia no leste do país.

O premiê sérvio Aleksandar Vucic, a chanceler alemã Angela Merkel, o chanceler austríaco Werner Faymann e Federica Mogherini, alta representante da União Europeia para Relações Exteriores, durante cúpula com países bálticos
O premiê sérvio Aleksandar Vucic, a chanceler alemã Angela Merkel, o chanceler austríaco Werner Faymann e Federica Mogherini, alta representante da União Europeia para Relações Exteriores, durante cúpula com países bálticos JOE KLAMAR / AFP
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"Estamos todos profundamente abalados por essas terríveis notícias de que até cinquenta pessoas que vinham buscar a segurança encontraram a morte", declarou Merkel, para quem a tragédia foi um "aviso" de que é preciso trabalhar de forma solidária para resolver o problema.

Ainda não se conhece a causa das mortes nem o tempo que os corpos passaram dentro do veículo. Em coletiva de imprensa, a ministra austríaca do Interior, Johanna Mikl-Leitner, disse que "esse drama afeta a todos" e acrescentou que "os traficantes de seres humanos são criminosos".

Seu colega das Relações Exteriores, Sebastian Kurz, havia declarado um pouco antes que o país estuda medidas mais duras contra os imigrantes, como o reforço do controle fronteiriço. "Não podemos fingir que a Itália e a Grécia são as únicas afetadas", disse.

Essa tragédia é só mais um capítulo dessa catástrofe humana. Na quarta-feira (26), mais 55 corpos foram resgatados de um barco que tentava cruzar o Mediterrâneo. Essas pessoas viajavam no porão da embarcação e morreram sufocadas pela fumaça da gasolina. Elas se somam às mais de 2,3 mil vítimas da travessia em 2015.

Recorde de imigrantes

Nos últimos 12 meses, 329 mil imigrantes entraram no Reino Unido, um recorde histórico anunciado nesta quinta-feira (27) pelo ministério britânico das Relações Exteriores. Na quarta-feira, outro recorde foi batido na Hungria, com a entrada de 3.200 imigrantes, o maior fluxo já registrado para um só dia.

O drama é tamanho que alterou a pauta dessa reunião de Viena que, marcada desde o ano passado, deveria se dedicar à cooperação regional, mas todas as atenções se voltaram à crise migratória. O encontro acontece um dia depois de Angela Merkel prometer tolerância zero contra a violência xenófoba em seu país.

Na quarta-feira, ela foi vaiada por manifestantes de extrema-direita durante uma visita a um centro de triagem de imigrantes em Heidenau, no leste do país. Diante dos gritos de "traidora", a chanceler afirmou que "não serão aceitas manifestações contrárias à dignidade humana".

Diariamente, milhares de sírios, iraquianos e afegãos que fogem de conflitos armados, mas também de albaneses, sérvios e kosovares, que buscam uma vida melhor na Europa pela chamada "rota dos Bálcãs".

Ação coordenada

A Macedônia e a Sérvia, duas das principais rotas dos refugiados, exigiram que o bloco elabore um "plano de ação". O chefe da diplomacia macedônia, Nikola Poposki, afirmou que seu país recebe diariamente cerca de 3 mil pessoas vindas da Grécia. "Ninguém pode ter a ilusão de que essa situação poderá ser controlada", estimou.

Essa opinião é compartilhada pelo chanceler austríaco, Sebastian Kurz, para quem a única saída é uma solução "pan-europeia". Para ele, quanto mais tempo o bloco demorar para encontrar essa solução comum, mais países como a Hungria e a Dinamarca tentarão resolver o problema de forma unilateral. "Isso não funcionará e ainda colocará em risco nossa concepção europeia de abertura de fronteiras", afirmou.

De acordo com o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, a crise é "um desafio que atinge o coração dos valores europeus, os valores da humanidade e da solidariedade". Ele ainda pediu que o sistema de Dublin, que organiza o exame dos pedidos de asilo no continente, seja reformado para "distribuir os refugiados de forma igualitária entre os países da União Europeia".

Exército e arame farpado

Na quarta-feira, novos confrontos foram registrados entre migrantes e a polícia fronteiriça da Hungria, que termina a construção de 175 quilômetros de barreiras de arame farpado e considera enviar o exército para conter o fluxo. O chefe da agência da ONU para os refugiados, Antonio Guterres, afirmou que erguer muros não vai resolver o problema e que é preciso estabelecer mais centros de triagem.

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