Premiê turco promete se vingar de adversários políticos

Depois da vitória folgada do seu partido AKP nas eleições municipais deste domingo (30), o premiê turco, Recep Tayyp Erogan, prometeu acertar as contas com seus adversários políticos. Nos últimos meses, o chefe de governo turco foi envolvido em uma série de escândalos de corrupção.

Diante de militantes do AKP reunidos em Ankara ontem, Recep Tayyip Erdogan fez ataques diretos aos seus inimigos. “Estes resultados mostram quem ganhou e mostram quem perdeu. A política imoral perdeu. A política baseada em gravações falsas perdeu”, declarou. Com uma retórica agressiva, ele continuou a ameaçar seus opositores: “Vamos procurá-los nos seus esconderijos”. “Eles pagarão o preço”, disse Erdogan que prometeu “eliminar” os “traidores” da oposição, especialmente a organização de Fethullah Gülen. O escritor, que também é imã de uma corrente moderada do islamismo sunita, é um dos maiores adversários de Erdogan.

O partido do premiê obteve 45,6% e manteve as prefeituras das principais cidades do país. Com esse resultado, Erdogan, que enfrenta uma onda de protestos e denúncias de corrupção, se fortalece para disputar as eleições presidenciais de agosto, quando, pela primeira vez, os turcos vão eleger o presidente por voto direto.

“Erdogan vai se sentir invencível”, declarou a analista Brent Sasley, da Universidade
do Texas. « Ele vai, provavelmente, se vingar de todos aqueles que, para ele, tentaram derrubá-lo”. Para o economista Deniz Cicek, do Finansbank em Istanbul, o premiê turco vai manter o clima de tensão política no país. “O tom do discurso [de domingo] indica que Erdogan não vai abandonar a sua estratégia de confronto [com a oposição]. Esse clima vai continuar até a eleição”, avaliou.

Crescimento

Os mercados financeiros reagiram bem à vitória do AKP neste domingo. A lira turca atingiu a melhor cotação em várias semanas. A moeda estava cotada nesta manhã a 2,15 contra o dólar e 2,96 ante o euro.

A economia turca cresceu 4% no ano passado, superando as estimativas do governo que previam um crescimento anual de 3,6%. Os últimos três meses do ano passado registraram alta pelo 17° trimestre consecutivo.