Europeus acham injusta advertência da Standard and Poor's

A França é o país mais visado pela agência de classificação de risco Standand and Poor's, que colocou ontem sob "vigilância negativa" a nota de 15 países dos 17 que compõem a zona do euro. O anúncio complica ainda mais a situação do bloco, que tenta adotar propostas urgentes de redução de gastos públicos em nível europeu para enfrentar a crise das dívidas soberanas desencadeada pela Grécia.

A crise de confiança no euro atinge as economias mais sólidas do bloco. REUTERS/Francois Lenoir

O anúncio provocou reações indignadas na Europa. Entre os 15 dos 17 países da zona do euro colocados sob vigilância negativa pela Standard and Poor's estão os seis melhores alunos do bloco: Alemanha, França, Áustria, Finlândia, Holanda e Luxemburgo, todos com a nota triplo AAA. O país sob maior pressão é a França, que poderia ver sua nota de confiança recuar de dois patamares, enquanto os outros cinco recuariam de apenas um índice.

A Standard and Poor's estima que a crise das dívidas enfraqueceu as finanças públicas francesas e prevê mais dificuldades políticas e financeiras no ano que vem, com as eleições presidenciais programadas para o mês de abril.

Os governos francês e alemão reagiram ao alerta afirmando que tomariam "todas as decisões necessárias para garantir a estabilidade da zona do euro". O ministro francês da Economia, François Baroin, considerou a perspectiva de rebaixamento dos países com o maior índice de confiança uma medida precipitada, por não levar em conta o acordo fechado ontem, entre Nicolas Sarkozy e Angela Merkel, sobre um novo tratado europeu, que prevê sanções automáticas para os países que não respeitarem a disciplina fiscal e continuarem gastando mais do que arrecadam. Baroin descartou a adoção de um terceiro pacote de austeridade pelo governo francês e garantiu que o país não precisará injetar dinheiro público em seu sistema bancário.

O presidente do Eurogrupo ficou indignado com o comunicado da Standard and Poor's. É uma advertência exagerada e injusta, declarou Jean-Claude Juncker, que também é primeiro-ministro de Luxemburgo.

Das três maiores agências de notação de risco, além da Standard and Poor's, a Moody's e a Fitch devem em breve reavaliar negativamente a perspectiva de confiança nos países da zona do euro.