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Ucrânia/Justiça

Ex-premiê é condenada a 7 anos de prisão por abuso de poder

Condenada a sete anos de prisão por abuso de poder pelo tribunal de Kiev, a ex-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Timochenko, anunciou que vai recorrer da decisão na justiça europeia. Ela também foi condenada a indenizar em cerca de 200 milhões de dólares a empresa pública de gás Naftogaz, na origem do processo que investigou supostas irregularidades cometidas por Timochenko na assinatura de um contrato de fornecimento de gás com a Rússia, em 2009, quando ela dirigia o país.

A ex-primeira-ministra Yulia Timochenko.
A ex-primeira-ministra Yulia Timochenko. Andreas Rentz/Getty Images
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"O tribunal decidiu reconhecer como culpada Yulia Timochenko e condená-la a sete anos de prisão”, declarou o juiz Rodion Kireev durante seu pronunciamento. A decisão obriga a opositora ao atual governo a não exercer funções pública durante 3 anos.

Após a declaração da sentença, Yulia Timochenko anunciou que vai contestar a decisão de seu julgamento na justiça europeia e pediu uma mobilização para lutar contra o autoritarismo na Ucrânia. “Vamos lutar para defender nossa reputação diante das instâncias europeias. O ano de 1937 ( período da repressão estalinista) voltou. É preciso ser forte. É preciso proteger a Ucrânia do autoritarismo, da ausência de liberdade », afirmou Timochenko.

A União Europeia fez ameaças para o governo ucraniano se a ex-primeira-ministra não desfrutar de um processo de apelação justo depois de confirmada sua condenação, em referência à conclusão de um acordo bilateral.

A União Europeia está profundamente “decpcionada” e se a situação não melhorar, pode ter consequências sérias sobre a conclusão de um acordo entre o bloco e a Ucrânia, afirmou a chefe da diplomacia europeia, Catherine  Ashton.

"Fins criminosos"

Timochenko abusou de sua autoridade para “fins criminosos” quando ocupava o cargo de chefe de governo na Ucrânia, declarou um juiz ao final do polêmico processo que foi criticado pelo Ocidente.

“Em janeiro de 2009, Yulia Tomochenko, enquanto primeira-ministra usou sua autoridade e suas prerrogativas legais para fins criminosos, cometendo atos que ultrapassavam claramente seus direitos e sua autoridade”, afirmou o juiz Rodion Kireev.

Yulia Timochenko acusou o chefe-de-estado de ter ordenado as acusações contra ela para se livrar de um adversário político. “O processo e este julgamento foram encomendados por Yanoukovitch e demonstram a fraqueza do poder”, disse ela durante uma das interrupções da audiência.

Detida desde o dia 5 de agosto, a opositora é julgada desde junho. Ele é acusada de ter assinado, sem autorização do governo que ela dirigia, acordos de gás com a Rússia considerados prejudiciais ao país. Esses contratos colocaram um fim no conflito entre Kiev e Moscou que provocava uma interrupção no abastecimento de gás russo para o bloco europeu.

O juiz declarou que os acordos custaram muito caro para a empresa estatal ucraniana Naftogaz e teriam provocado prejuízos estimados em 190 milhões de euros.

Revolução

Analistas políticos locais consideram que o regime ucraniano visa obter uma condenação pública de Timochenko e poderia aceitar descriminalizar o artigo na origem de seu julgamento e colocá-la em liberdade após o anúncio da sentença com o objetivo de aliviar a tensão com a União Europeia.

Líder da oposição pró-Ocidente, Yulia Timochenko, ganhou a atenção do mundo durante a Revolução Laranja, em 2004, ao liderar o movimento contra a fraude eleitoral que derrotou o então candidato à presidência Viktor Yushchenko. A condenação é vista como um endurecimento do poder pró-Rússia na Ucrânia, liderado pelo presidente Yanoukovitch.

Milhares de manifestantes de oposição se reuniram em frente ao tribunal de Kiev, com faixas pedindo "Liberdade para Yulia" e "Abaixo os Bandidos". Com suas tranças loiras, a ex-primeira ministra declarou que o julgamento não mudará sua vida nem sua luta.

 

 

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