Países europeus discutem crise da Irlanda
Os ministros das Finanças da zona euro realizam hoje uma reunião de crise em Bruxelas para discutir a situação financeira da Irlanda, que está enfrentando sérias dificuldades para refinanciar suas dívidas e já ameaça arrastar Portugal, Espanha e outros países europeus na pior crise econômica desde a criação da zona euro.
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O Banco Central europeu quer convencer a Irlanda, que está vivendo a pior crise econômica de seus últimos 70 anos, a aceitar ajuda do fundo europeu de resgate e do Fundo Monetário Internacional (FMI), como fez a Grécia no início do ano.
As contas públicas irlandesas registram um rombo colossal de 32% do PIB, o Produto Interno Bruto do país. O aumento do déficit irlandês se deve, principalmente, às operações feitas durante a crise financeira mundial para socorrer o setor bancário do país. Com a crise, a previsão é a de que 200 mil pessoas – cerca de 5% da população – deixem o país para tentar a sorte no exterior.
Apesar das recentes declarações de que a União Europeia estaria pronta para socorrer a Irlanda, Dublin continua resistindo a pedir apoio financeiro à Bruxelas. Às vésperas da reunião dos países da zona do euro, o ministro irlandês para Assuntos Europeus, Dick Roche, voltou a insistir sobre a capacidade da Irlanda em resolver os próprios problemas, sem ajuda externa.
Ainda sob os efeitos da tragédia da dívida grega, Bruxelas tem medo que a deterioração da crise irlandesa possa vir a contaminar as economias mais frágeis do bloco e desestabilizar o euro. O governo irlandês assegura que o país tem liquidez suficiente até meados do ano que vem, e que, no momento, não faz sentido recorrer a um pacote de financiamento para equilibrar as contas públicas da Irlanda.
A resistência de Dublin poderia ser o receio de perder a soberania do país. Ao aceitar o fundo de emergência do bloco, os irlandeses estariam, de uma certa maneira, sob a tutela dos parceiros. Mas a prioridade da Europa é defender o euro, e por isso, há pressão para que a Irlanda receba o socorro financeiro da União Europeia.
Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas
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