Crise grega é desafio para zona euro
A crise grega dominou as discussões do Fórum Econômico Mundial, que terminou no último final de semana em Davos, na Suíça.
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Ela tem sido considerada pelos economistas como o maior desafio enfrentado pela moeda unica europeia desde a sua adoçao, em 2001. Na semana passada, o euro foi cotado a menos de U$ 1,40 pela primeira vez em seis meses. O economista Nouriel Roubini, considerado o guru de Davos por ter sido o primeiro a prever a crise econômica mundial, afirmou durante o evento que está pessimista em relaçao ao futuro da moeda européia.
A Grécia é um caso extremo, determinado por uma conjuntura econômica próprias à sua história, mas não é o único pais da Uniao Européia que enfrenta problemas com o déficit orçamentário. Em 2009 os governos europeus tiveram que aumentar as despesas públicas para conter os efeitos da crise financeira mundial. Isso levou ao aumento do déficit publico, que é a diferença entre o total arrecadado pelo governo e os gastos públicos durante um ano. Na Grécia, o déficit chegou a 14% do PIB do país. Em quase todos os países membros da zona euro, o déficit ultrapassou o patamar máximo de 3%do PIB, o produto interno bruto, previsto pelo pacto de estabilidade e crescimento.
A França, que deve fechar 2010 com um déficit de 8,2 por cento do PIB, já está estudando medidas de contenção das despesas públicas. A Espanha, apontada por economistas como um país de risco, anunciou na última sexta-feira medidas radicais, com o objetivo de diminuir o déficit de 11,4 por cento do PIB em 2009.
Segundo Iain Beggs, professor da London School of Economics e especialista em políticas de integração econômica da Uniao Europeia, as medidas de austeridade orçamentária são necessárias, mas devem ser implementadas com cuidado. “Vejo que todos reconhecem que é preciso fazer algo a médio prazo. Mas não se pode correr o risco de provocar uma nova onda de crise. Porque se diminuimos muito rapido as despesas públicas, é possivel que a gente caia novamente na recessao. E todo mundo quer evitar isso."
O professor de economia grego Elias Soukiazis, coordenador do Centro de Estudos da Uniao Européia da Universidade de Coimbra, em Portugal, afirma que o bloco precisa aperfeiçoar seus mecanismos de controle para evitar que outros países cheguem a uma situaçao similar à da Grécia. Soukiazis destaca que Portugal corre o risco de ser a próxima vítima do aumento do déficit orçamentario, que atingiu 9,3 por cento do PIB em 2009. O país tem sofrido pressões das agências internacionais de avaliação de risco de investimento para sanear as finanças públicas. E sua desvantagem em relaçao à Grécia, segundo Soukiazis, é que o governo socialista não tem maioria parlamentar, o que pode dificultar a aprovação de medidas de austeridade fiscal eficazes.
Um dos grandes problemas que a Grécia enfrenta hoje é a perda de credibilidade no mercado internacional, já que o governo anterior mascarou as estatísticas para esconder durante algum tempo o tamanho do déficit.
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