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Brasileiro n°1 do ranking mundial de tiro conquista bronze em pré-olímpico de Paris

O brasileiro Marcus D’Almeida, primeiro colocado no ranking mundial de tiro com arco recurvo, consegue a medalha de bronze para o Brasil na etapa de Paris da Copa do Mundo de Tiro com Arco da World Archery, neste domingo (20).

Atletas competem durante a final do tiro com arco masculino da Copa do Mundo na Esplanada dos Inválidos como parte de evento teste dos Jogos Olímpicos em Paris.
Atletas competem durante a final do tiro com arco masculino da Copa do Mundo na Esplanada dos Inválidos como parte de evento teste dos Jogos Olímpicos em Paris. AFP - STEFANO RELLANDINI
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A competição também serviu como evento teste para os Jogos Olímpicos de Paris, cujas provas da modalidade acontecerão no mesmo campo, localizado no Parque dos Inválidos, bem no centro da cidade luz com vista para a icônica Torre Eiffel e perto do Grand Palais.

O carioca, de 25 anos, derrotou o italiano Mauro Nespoli no 'shootout', sob sol forte de verão - e em uma semana na qual a França enfrenta uma onda de calor extremo - conseguindo assim mais uma medalha de bronze para o Brasil. 

"Voltar com duas medalhas dessa temporada na Europa é mágico. São dois bronzes, mas eu lutei pelo ouro até o final. E estou muito feliz por estar atirando aqui nos Inválidos, porque é aqui no que vem (Jogos Olímpicos de Paris) e vai ficar na minha cabeça para voltar aqui e fazer o meu melhor", comemorou em entrevista exclusiva à RFI depois da competição.

Dois bronzes em duas semanas

Na etapa do campeonato mundial da World Archery, em Berlim, Alemanha, há duas semanas, Marcus também ficou com o terceiro lugar e conseguiu classificar o Brasil para os Jogos Olímpicos Paris 2024.

Mas antes dos Jogos, Marcus D’almeida tem pela frente a etapa final da Copa do Mundo de Tiro com Arco dentro de três semanas. A disputa acontecerá pelo segundo ano consecutivo no México. Ainda este ano, o atleta tem na agenda os Jogos Panamericanos, no Chile. 

O arqueiro Marcus D’Almeida no Parque dos Inválidos, em Paris, 20 de agosto de 2023.
O arqueiro Marcus D’Almeida no Parque dos Inválidos, em Paris, 20 de agosto de 2023. © Luciana Quaresma

Treinamento físico e autoconhecimento

Marcus, que nasceu no Rio de Janeiro, se tornou o primeiro arqueiro do Brasil a assumir a liderança do ranking mundial no tiro com arco recurvo. Em maio deste ano, também conquistou o ouro na etapa de Xangai da Copa do Mundo ao superar o sul-coreano Oh Jin-Hyek, campeão olímpico nas Olimpíadas de Londres 2012. 

Para chegar ao topo, o atleta tem uma rotina de treinos muito intensa: "São horas de psicóloga, de treino intenso. Acreditar, estar bem de cabeça. Corpo e mente é uma coisa só. Entender a sua própria cabeça, como ela funciona. O que é bom para uma pessoa pode não ser boa para outra. O autoconhecimento é o mais importante", revela.

Faz mais de uma década que a dedicação do atleta só aumenta e os treinos, em Maricá, no Rio de Janeiro, são de segunda a sábado, praticamente durante o dia todo. "Treino físico, mental, nutrição, fisioterapia, massoterapia, coaching, meditação", enumera o atleta.

 

Marcus D'Almeida durante competição pré-olímpica em Paris, derrotou o italiano Mauro Nespoli.
Marcus D'Almeida durante competição pré-olímpica em Paris, derrotou o italiano Mauro Nespoli. © Luciana Quaresma

Marcus, que começou na modalidade aos 12 anos, acredita na importância do treinamento mental para conseguir que as flechas atinjam o centro do alvo para a pontuação máxima.

"Esse esporte exige muito da cabeça. Costumo dizer que na hora da competição, 90% e’ mental. Estar bem mentalmente é muito importante. O Marcus de ontem não é o mesmo de hoje, estamos em constante movimento, então estou sempre me descobrindo e tentando encontrar o meu melhor", comenta Marcus.

"Aprendi a escutar o vento"

Para chegar a precisão necessária para os tiros perfeitos, D’Almeida encontrou na natureza uma aliada. Como as competições são sempre em campos ao ar livre, as condições climáticas têm muita influência no desempenho dos atletas. Uma das suas maiores habilidades é saber "escutar o vento", como gosta de dizer.

"Em Berlim, como o campo é rodeado de árvores, fico muito atento. As árvores fazem um barulho antes do vento chegar na parte baixa, pois o vento vem do alto, então esse barulho, muitas vezes, precede um vento forte e eu tento esperá-lo ou, dependendo da situação, decido atirar antes dele. Esse é um dos truques que aprendi ao longo da vida. Escutar a natureza faz toda a diferença e eu adoro".

Nova geração de arqueiros na mira 

A etapa do mundial em Berlim também contou com a participação de outro brasileiro, Matheus Gomes. Com apenas 18 anos, o também carioca é bicampeão brasileiro juvenil e diz querer seguir os passos de Marcus D’Almeida. 

"O Marcus sempre foi para mim uma inspiração. Desde o meu início no esporte. Hoje fazemos parte da mesma equipe, competimos lado a lado, mas o considero um amigo. Quando tenho qualquer dúvida eu sei que posso contar com ele", comenta.

Mas o jovem atleta almeja chegar ainda mais longe que o seu mentor. "O Marcus é um atleta sensacional e não desperdiço nenhum dos ensinamentos que ele me passa. Ele é realmente um grande atleta, mas se um dia eu conseguir ser melhor do que ele, irei ficar muito feliz!", especula Matheus.

"Ninguém pode ter a certeza de nada, mas é esse o meu objetivo. Eu sei que se eu continuar treinando como tenho feito, estarei no caminho", estima Matheus, que foi medalhista de ouro por equipes nos Jogos Sul americanos Assunção 2022.

Nesta sua primeira participação no campeonato mundial, o jovem arqueiro não conseguiu o resultado que queria, mas já está focado na próxima etapa da Copa do Mundo em Paris, ainda este mês de agosto.

"A competição em Berlim não foi como eu esperava, não alcancei os resultados que eu sei que consigo, mas tudo é um aprendizado, sou novo ainda e este é meu primeiro mundial. Agora, vou sentar e olhar para os meus erros, corrigir e seguir em frente porque em duas semanas vou estar na Copa do Mundo de Paris então não dá para perder tempo", disse Matheus entusiasmado.

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