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Copa de 2018

Líbano: torcedores choram eliminação do Brasil e exibem com orgulho bandeira verde-amarela

Muitos brasileiros acordaram de ressaca com a eliminação do Brasil ante a Bélgica nas quartas de final do Mundial da Rússia. Mas na periferia de Beirute, no Líbano, a atmosfera era outra na manhã de sábado (7). O repórter Tony Gamal Gabriel, da agência AFP, conversou com torcedores libaneses ainda encantados com a Seleção de Tite.

Rua de bairro da periferia de Beirute enfeitada com bandeiras do Brasil.
Rua de bairro da periferia de Beirute enfeitada com bandeiras do Brasil. AFP/TONY GAMAL GABRIEL
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Em um bairro humilde na periferia de Beirute, a capital do Líbano, a Seleção brasileira de futebol desperta paixões. As bandeiras verde-amarelas estão em toda parte. "Aqui somos todos brasileiros. Amamos o Brasil, não importa o que aconteça, mesmo que perca", assegura Ali, de 24 anos, após a eliminação da equipe nas quartas de final para a Bélgica (2-1).

Na periferia sul de Beirute, apesar da seca de títulos mundiais do Brasil desde 2002, os brasileiros continuam a reinar e as pessoas admiram sobretudo Ronaldo, Pelé, Roberto Carlos e agora, claramente, Neymar. É comum ver casas decoradas com bandeiras brasileiras e cartazes com as imagens dos jogadores em lojas.

"O torcedor deve apoiar sua equipe nas vitórias, mas também nas derrotas", afirma Ali, que trabalha como entregador para uma multinacional.

No Líbano, o Brasil é percebido como uma país próximo por razões históricas e familiares. Milhões de libaneses da diáspora escolheram como casa o maior país da América do Sul no século XIX e, inclusive, o atual presidente, Michel Temer, é de origem libanesa.

Em um país mediterrâneo com problemas de desigualdades sociais e econômicas, onde serviços básicos como fornecimento de água, eletricidade ou coleta de lixo são problemas frequentes, a paixão do futebol ajuda a esquecer as dificuldades do dia a dia.

"Como em casa"

Haydar Baddar, de 38 anos, instalou um projetor fora de casa, em uma rua estreita. Dezenas de torcedores invadem a calçada e se sentam em cadeiras de plástico, principalmente homens, para ver as partidas. O número 10 de Neymar domina as camisas.

Algumas meninas são vestidas com as cores do Brasil, com camisa amarela e véu azul cobrindo os cabelos. Há famílias que assistem às partidas de suas varandas, ao som de tambores e vuvuzelas, quase como se a sua seleção nacional estivesse jogando, algo que fica claro com a comemoração do único gol brasileiro na derrota para os belgas. Ao final da partida, alguns tinham lágrimas nos olhos.

Haydar Baddar saca sua pistola e dispara para o ar. "Aqui, nesses bairros, vemos o Brasil, seus bairros e suas ruas, como se fossem nossa casa", assegura o homem de barba bem aparada. "Na periferia sul, desde que nascem, os meninos jogam futebol no asfalto. Não há campos de futebol. Quando cai a noite, às vezes, todos nós jogamos", explica o comerciante.

Hussein Mohamed, de 25 anos, abandonou a escola "por causa do futebol", explica. "Saia da escola, tirava a mochila e ia jogar na rua", lembra. Ele carrega o Brasil na pele, literalmente: tatuou o escudo da Seleção, com suas cinco estrelas mundiais. "É uma história de amor desde a infância. Um vício", garante.

Hussein está desempregado, seu pai sírio e sua mãe palestina estão separados, ele é o único menino entre sete meninas. "É sempre um problema entre mim e minha mãe, ela quer que eu encontre trabalho, não necessariamente para sustentá-la e minhas irmãs, mas pelo menos ser financeiramente independente", diz o jovem, com voz calma.

"Estamos num país que está numa situação muito ruim. Este bairro é muito pobre. O futebol te faz esquecer. Quando estou de saco cheio, vou ao estádio e esqueço dos problemas", conta.

Em sua rua, onde um emaranhado de cabos elétricos liga os pequenos prédios de concreto de dois ou três andares, ele mobilizou os jovens para instalar bandeiras do Brasil. Absolutamente em todos os lugares, é uma explosão de verde e amarelo. "Há mais de mil", diz ele. "É São Paulo."

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