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Entenda a queda do preço do petróleo

Com uma perda de 65% do seu valor de mercado em dezoito meses, o petróleo força países exportadores e importadores a fazerem ajustes em suas economias. Entre ganhadores e perdedores, todo cuidado é pouco no delicado equilíbrio entre estabilidade política e ajustes econômicos.

Petróleo: conjunção de fatores internacionais derrubam o preço.
Petróleo: conjunção de fatores internacionais derrubam o preço. Foto: Geraldo Falcão / Banco de Imagens Petrobras
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Há dezoito meses apenas (junho de 2014), o petróleo era vendido a US$ 106,00 o barril no mercado internacional. Nesta segunda-feira (28), o preço do mesmo barril chegou a US$ 37 nas bolsas de mercadoria de Londres e Nova York, marcando uma perda de 65% do seu valor.
 

Três fatores determinantes puxam o preço para baixo: a suspensão pelo Congresso norte-americano da interdição de exportação do petróleo produzido nos Estados Unidos; a suspensão das sanções internacionais impostas ao Irã, que deve dobrar a sua produção para um milhão de barris por dia; e, principalmente, a predadora estratégia comercial da Arábia Saudita, maior produtor e exportador do mundo.
 

No dia 4 de dezembro, o cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiu suprimir o teto de produção mundial, permitindo que o excedente da produção encharcasse o mercado internacional. Sentados numa reserva monetária de US$ 800 bilhões, os sauditas, que ainda tem o menor custo de produção de petróleo no mundo, podem se dar ao luxo de prever o preço do barril a US$ 26, o que desmotivaria a pesquisa e o investimento em novos poços em países emergentes, como é o caso do Brasil. Mais de 250 mil postos de trabalho na indústria petroleira já foram extintos em 2015, pela desaceleração provocada pelo baixo preço do barril no mercado.
 

Ganhadores e perdedores
 

Entre os ganhadores estão países que dependem massivamente da importação de petróleo, como é caso da China, Índia e Turquia. O preço mais baixo do barril poderá ser repassado para os consumidores na bomba de gasolina ou, ainda, em custos indiretos, como o transporte de alimentos e mercadorias.
 

Para os países cujas economias dependem fortemente da exportação, como Rússia, Venezuela, Nigéria e Angola, a situação demanda ajustes econômicos com possíveis impactos políticos. Mantendo-se o preço abaixo de US$ 50 em 2016, a Rússia, segundo maior exportador do mundo, poderá registrar perdas que reduzirão em até 5,3% o nível de atividade econômica no país. Na Venezuela, a queda do preço do barril de petróleo em 2015 acarretou uma perda de 25% das suas reservas internacionais, que chegaram a US$ 16,5 bilhões neste mês de dezembro. Com a gasolina vendida em Caracas a pouco mais de US$ 0,01 o litro, o governo do presidente Nicolás Maduro já anunciou que não haverá aumento de preços nas bombas para compensar as perdas do estado.

Na África, a Nigéria perdeu 15% das suas reservas internacionais, sofrendo duas desvalorizações monetárias em 2015, enquanto Angola foi forçada a rever o seu orçamento para 2016.
 

No Brasil
 

A curto prazo, o baixo preço do petróleo não deve ter maiores impactos na economia brasileira, uma vez que o país é autossuficiente na produção, importando apenas uma pequena parte do que consome. A longo prazo, porém, preços abaixo de US$ 40 o barril podem levar ao desinteresse pela exploração de novos poços como o Pré-Sal.
 

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