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Radar econômico

Índia deixa Brasil para trás e mostra crescimento econômico sustentável

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Nas suas previsões para a economia mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o Brasil vai passar da 7ª para a 9ª posição entre as maiores economias do planeta, atrás da Índia e da Itália. Segundo analistas, a perda de posição demonstra a fragilidade do crescimento brasileiro nos anos 2000 e coroa a estratégia indiana, baseada nos investimentos externos e no reforço da demanda interna.

Sob o comando do primeiro-ministro Narendra Modi, Índia vai se tornar 7ª economia mundial.
Sob o comando do primeiro-ministro Narendra Modi, Índia vai se tornar 7ª economia mundial. REUTERS/Adnan Abidi
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A retração do Brasil no ranking é uma consequência da recessão de 3%, esperada para este ano, e da desvalorização cambial – em dólar, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do país diminuiu. A época em que o país era a 6ª economia mundial refletia um momento de uma conjuntura favorável, na avaliação do economista Jorge Arbache, professor da UNB e ex-economista sênior do Banco Mundial.

“O período em que o Brasil ascendeu é associado, em boa parte, à valorização cambial. Ou seja, não foi uma genuína ascensão”, constata. “Ao mesmo tempo, naquele período dos anos 2000, por conta da crise internacional, o PIB dos países avançados estagnou.”

Especialista nas grandes potências emergentes e autor de mais de 15 livros sobre o assunto, o economista francês Jean-Joseph Boillot observa que, enquanto o Brasil usufruiu do boom internacional das commodities, a Índia cresceu graças à demanda interna. O país incentivou o desenvolvimento industrial e lançou projetos de infraestrutura, que atraem cada vez mais investimentos externos.

“Desde que o primeiro-ministro Narendra Modi chegou ao poder na Índia, o país se lançou numa campanha internacional de ‘make in Índia’, fabrique na Índia. Isso teve um impacto no desenvolvimento industrial indiano”, explica.

Desenvolvimento mais lento

O Brasil, por sua vez, só viu a taxa de investimentos encolher, até quando a situação econômica era favorável. Boillot, conselheiro do Centro de Estudos e Prospectivas e Informações Internacionais (CEPII), constata que os países latino-americanos têm mais dificuldades em consolidar o processo de desenvolvimento, se comparados aos asiáticos.

“A partir dos anos 1980, o México só viu o seu peso na economia mundial cair, de uma maneira muito significativa. Temo que, no caso do Brasil, essa fase de desaceleração e perda de importância no contexto global siga o exemplo do México”, diz o autor francês. “A tendência é essa, enquanto esses países que são emergentes há dois séculos não tomarem consciência de que a chave do desenvolvimento é o crescimento endógeno, interno.”

Sem razões para otimismo

Os economistas dizem que não há razões para esperar o Brasil reverter a situação e reconquistar as posições perdidas na economia mundial. Arbache calcula que a volta do crescimento do PIB brasileiro não deve ocorrer antes de 2018, o que pode significar uma queda acumulada das riquezas de pelo menos 7,5%, no período de 2014 a 2017.

Ao mesmo tempo, outros países que estão encostados no Brasil, como o Canadá e a Rússia, podem subir na lista e deixar o Brasil ainda mais para trás. “Quando a gente junta a mudança do valor do dólar com a estagnação e queda real do PIB, a gente vê claramente uma tendência de piora da posição do Brasil entre as grandes economias do mundo. A gente não vê fontes de crescimento da economia brasileira nos próximos anos”, destaca o professor da UNB.

Os especialistas destacam que as causas da estagnação brasileira não são recentes e se amplificaram com a globalização: no cenário internacional, o país é pouco competitivo, fechado, com baixa produtividade e mão de obra pouco qualificada. Os problemas fiscais do governo nos últimos anos apenas acentuaram as deficiências.
 

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