OCDE elogia decisão do governo brasileiro de cortar gastos

A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – analisa com bons olhos o anúncio do governo brasileiro de cortar 50 bilhões de reais no orçamento de 2011. A redução de gastos, equivalente a 1,2% do PIB, vai afetar todos os ministérios, informou o ministro da Fazenda Guido Mantega.

Reuters

Um dos principais objetivos do ajuste é conter a inflação crescente, que passou de 5,9% em 2010.
Annabelle Mourougane, responsável pelo Departamento Brasil da OCDE, acredita que a medida não significa um freio para o desenvolvimento da economia brasileira.

Para ela, o resultado depende das políticas a serem adotadas e a implementação concreta de políticas sociais, de infraestrutura e educação para estimular o potencial da economia.

“É um ótimo sinal, principalmente se compararmos ao orçamento aprovado pelo Congresso no ano passado, que previa um aumento importante dos gastos que não poderia ser sustentada pela atual economia. A curto prazo isso só aumentaria ainda mais o superaquecimento, além de inflação", diz Annabelle Mourougane.

"O Banco Central seria obrigado a elevar ainda mais as taxas, fator desacelerador para a economia, num círculo vicioso. Portanto é evidente que o anúncio de um corte orçamentário é um sinal muito bom. Tínhamos algumas dúvidas a respeito sobre os rumos do novo governo. Agora é preciso questionar se a medida é ambiciosa o bastante, é um pouco cedo para dizer", afirmou.

"É necessário aguardar para ver quais postos serão cortados, o período de aplicação, pois por enquanto fala-se em um ano, mas é necessário também ter perspectivas a médio prazo - não é em apenas um ano que vamos resolver todos os problemas de sustentabilidade das finanças públicas", concluiu Mourougane.