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Brasil-América Latina

Crise no Brasil prejudica ajuda no processo de paz da Colômbia

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Com o possível fim do conflito armado entre o Estado colombiano e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a América Latina se tornaria uma região totalmente de paz depois de 51 anos do confronto. No entanto, a participação do Brasil como principal país da região, de fronteira com a Colômbia e um dos maiores interessados no fim do conflito, é prejudicada pela crise política e institucional brasileira.

Processo de paz entre governo colombiano e as Farc está sendo negociado em Havana.
Processo de paz entre governo colombiano e as Farc está sendo negociado em Havana. REUTERS/Stringer
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Nesta semana, a Argentina anunciou a formação do Grupo de Amigos da Colômbia. O projeto tem como objetivo apoiar o processo de paz e ajudar na implementação do histórico acordo que deve ser anunciado em março.

Chile, El Salvador, México, Uruguai e Argentina formaram o Grupo, uma iniciativa traçada em agosto passado. Brasília deveria fazer parte da iniciativa, mas a crise política que envolve a presidente Dilma Rousseff deixou o governo brasileiro de fora desse esforço, conforme explicou à RFI Brasil o embaixador Luis Maira, representante do Chile no diálogo para a paz entre a Colômbia e as FARC. "A situação política interna do Brasil faz mais conveniente para o impacto criar o grupo no Brasil quando puder haver maior amplidão na representação. Adiamos a inclusão do Brasil para quando pudermos", indicou Maira.

O Chile e a Venezuela são os dois países acompanhantes do processo de paz que se discute na capital cubana. Noruega e Cuba são os fiadores das negociações.

Em 23 de setembro passado, o governo colombiano e as FARC anunciaram que chegariam a um acordo final de paz em até seis meses, em 23 de março. O papel do Brasil, que tem fronteira com a Colômbia, seria ainda mais importante nesta reta final de negociações.

Cumprimento do acordo será uma etapa difícil

Ao anunciar a participação argentina, a ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, indicou que ainda mais fundamental do que apoiar o processo de paz até março, será conseguir implementar o acordo e monitorar que as partes cumpram com o entendimento. "Definitivamente, o processo entre a Colômbia e as FARC não é um fácil e quando chegarem a um consenso, a implementação será ainda mais difícil ", prevê Malcorra.

A criação do Grupo de Amigos da Colômbia para ajudar as partes a resolverem dificuldades tanto nas negociações como na implementação do futuro acordo também representa a capacidade da América Latina de resolver os seus próprios problemas e o compromisso da região em se tornar uma área de paz total. "O objetivo central é mostrar ao povo da Colômbia que em toda a região temos muita expectativa de poder deixar para trás o único conflito armado interno que ainda persiste na região", aponta o porta-voz do Grupo de Amigos da Colômbia, o ex-chanceler argentino, Jorge Taiana. Ele separa o processo em três próximas fases decisivas: a reta final para o acordo em si, o plebiscito entre os colombianos para definir o apoio da sociedade e a implementação do texto.

Nesta semana, a Colômbia e a guerrilha das FARC deram mais um passo ao acordo final ao anunciarem um entendimento na questão de reparação às vítimas do conflito que, em 51 anos, deixou 218 mil mortos, além de 6, 4 milhões de pessoas deslocadas de suas próprias casas para fugir da guerra. Existem ainda 2.700 sequestrados, alguns em poder da guerrilha há mais de 20 anos.

Depois de três anos de negociações para a paz definitiva, os próximos passos serão um cessar fogo bilateral, a desmobilização dos guerrilheiros e a derradeira entrega das armas. "Não é fácil. Muita gente acredita que o acordo de paz já foi conquistado, mas isso não é verdade. Somos otimistas, mas sabemos que é preciso trabalhar muito para resolver o que ainda está pendente", concluiu Luis Maira.

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