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Morte de 37 detentos em prisão na Venezuela foi um "massacre", diz governador

Uma intervenção das forças militares especiais, comandadas pelo Ministério do Interior, deixou pelo menos 37 mortos na prisão de Puerto Ayacucho, na região amazônica da Venezuela. O governador do Estado, Liborio Guarulla, chamou de “massacre” a entrada da unidade especial no centro de detenção.

Soldados venezuelanos bloqueiam a entrada da prisão de Puerto Ayacucho depois que 37 pessoas morreram em confronto com as forças especiais.
Soldados venezuelanos bloqueiam a entrada da prisão de Puerto Ayacucho depois que 37 pessoas morreram em confronto com as forças especiais. AFP
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Com informações da correspondente da RFI em Caracas, Andreina Flores.

Em entrevista à RFI, o governador e opositor do presidente Nicolás Maduro, Liborio Guarulla, disse que não havia rebelião no local. “Eles não haviam feito nenhuma vistoria antes", criticou o governador.

"Eles simplesmente ordenaram um ataque armado contra os prisioneiros deste centro judicial. Não foi encontrada nenhuma arma, não era para controlar uma rebelião”, condenou Guarullo.

Segundo o governador, havia 105 presos no local. Além dos 37 mortos, quatro presos ficaram feridos e 61 foram transferidos para outros centros de detenção. Um preso conseguiu fugir durante a confusão.

"É o pior 'motim' que tivemos em um centro de detenção preventiva. Lá, os detidos não deveriam passar mais de 48 horas, mas havia presos que estão há anos", disse à AFP Carlos Nieto, coordenador da ONG "Una Ventana a la Libertad".

De acordo com as ONGs defensoras dos direitos dos réus "Una Ventana a la Libertad" e o “Observatório Venezuelano de Prisões”, os 37 mortos eram detentos.

A revolta trouxe novamente à tona a crise penitenciária na Venezuela, marcada por frequentes confrontos entre presos e denúncias de violações dos direitos humanos, assim como mortes por falta de alimentos e medicamentos.

No final de 2016, segundo as ONGs, a população carcerária era de 88 mil detentos na Venezuela. Oficialmente, a capacidade do sistema penitenciário é de 35 mil pessoas.

Investigação e histórico de mortes em prisões

Em um clima de tensão, depois que o presidente Nicolás Maduro convocou uma nova assembleia constituinte e demitiu a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, o novo procurador-geral Tarek William Saab anunciou que nomeou dois procuradores para "investigar a morte de 37 pessoas [...] durante a tomada do Centro de Detenção Judicial de Amazonas", na cidade de Puerto Ayacucho.

O Ministério Público confirmou que, nos incidentes, 14 funcionários ficaram feridos.

Em 26 de abril passado, um confronto entre grupos adversários deixou 12 mortos e 11 feridos na prisão de Puente Ayala, na cidade de Barcelona.

Um mês antes, foram encontrados os corpos de 14 pessoas em uma fossa na Penitenciária Geral da Venezuela, em San Juan de Los Morros, no centro do país.

Desde julho de 2011, o governo deflagrou um plano para pacificar as prisões e adequá-las aos padrões internacionais. No total, há 50 prisões no país e, segundo o governo, 98% funcionam sob o novo regime.

A maior rebelião carcerária da história da Venezuela ocorreu em 2013, na prisão de Uribana (estado de Lara), quando cerca de 60 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas.

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