Após apuração de 100% dos votos no Peru, Kucynski conquista 50,12%
A vitória oficial só poderá ser anunciada após revisão de 0,2% dos votos, mas a imprensa peruana apontava já na noite de quinta-feira (9) que o economista de centro-direita Pedro Pablo Kuczynski era o virtual novo presidente do Peru. Com 100% dos votos apurados, ele recebeu 50,12%, enquanto a oponente populista Keiko Fujimori alcançou 49,88%, de acordo com a agência eleitoral nacional do Peru.
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O segundo turno das eleições no Peru aconteceram no domingo (5). A diferença de votos até quinta de noite era de cerca de 40 mil em favor do liberal moderado Kuczynski, do Peruanos Pela Mudança (PPK), sobre a populista de direita Keiko Fujimori, de acordo com o Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe).
Esta é a segunda vez que a filha do autocrata Alberto Fujimori, que governou o Peru de 1990 a 2000, disputa a eleição presidencial. Ela amarga a segunda derrota, apesar de ter sido considerada favorita durante quase toda a campanha. Em 2011 ela perdeu para o presidente Ollanta Humala. Na votação passada, Kuczynski ficou em terceiro lugar.
Congresso é de maioria fujimorista
Cerca de 23 milhões de peruanos votaram no domingo de forma tranquila para eleger o novo presidente, após uma longa campanha em que Keiko Fujimori era a favorita para substituir Humala na presidência a partir do próximo 28 de julho.
O fujimorismo luta para voltar ao poder 16 anos depois de o pai da candidata, Alberto Fujimori, ter fugido para o Japão e renunciado à Presidência por fax, pondo fim a um governo repressor e corrupto (1990-2000). Durante a campanha, mais que propostas, houve troca de acusações entre os candidatos.
Kuczynski começou a ganhar terreno na reta final da disputa, estimulado pelo bom desempenho no último debate presidencial, pelo apoio da maioria dos candidatos derrotados no primeiro turno − incluindo a popular candidata de esquerda Verónika Mendoza − e um protesto organizado por grupos civis contra a candidatura de Fujimori.
Uma vez confirmada a vitória, Kuczynski terá que buscar consenso em um Congresso de maioria absoluta fujimorista − 73 de 130 representantes −, com apenas 18 legisladores de seu partido."Vamos ter um governo de consenso, não mais lutas nem confronto", afirmou Kuczynski no domingo.
Keiko manterá importante força de negociação
Keiko Fujimori manterá o controle de sua bancada parlamentar, com uma importante força de negociação e o respaldo de 50% da população, o que lhe permitiria incluir na pauta inclusive a concessão da prisão domiciliar a seu pai, Alberto Fujimori, que desde 2009 cumpre uma condenação de 25 anos por crimes de corrupção e contra a humanidade. Esta possibilidade já havia sido mencionada pelo próprio PPK.
Keiko viu sua candidatura perder força pelo vínculo de pessoas de seu entorno a denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e narcotráfico. Seus adversários conseguiram divulgar a ideia de que, em caso de vitória fujimorista, ficaria institucionalizado um "narcoestado", com o retorno do clã ao poder.
Keiko reconstruiu sua imagem pública, com uma tentativa de divulgar novos valores e se distanciar da autocracia de seu pai, que em 5 de abril de 1992 deu um autogolpe, com o qual fechou o Congresso e assumiu o controle das instituições do Estado, com mais duas reeleições para a presidência.
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