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Peru/Eleições

Violência marca véspera da eleição presidencial no Peru

Duas pessoas, entre elas um militar, morreram neste sábado (9) no Peru, véspera do primeiro turno da eleição presidencial no país. O ataque, que também deixou três feridos, foi atribuído pelas autoridades aos guerrilheiros maoistas do Sendero Luminoso. A favorita nas pesquisas eleitorais é Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente preso, que pode ser a primeira mulher a dirigir o Peru.

Muro pichado na periferia de Lima incita eleitores a votar neste domingo, 10 de abril de 2016.
Muro pichado na periferia de Lima incita eleitores a votar neste domingo, 10 de abril de 2016. Reuters
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Os peruanos vão às urnas neste domingo (10), mais ainda paira uma incerteza sobre os candidatos na disputa, devido a nova lei eleitoral que permite desqualificar os pretendentes até o último momento. Dos 19 candidatos inscritos inicialmente na campanha, dez ainda estão na disputa.

Nove aspirantes, dois deles com bom desempenho nas pesquisas, tiveram que abandonar a disputa por causa das exigências da nova legislação que visa combater a corrupção e a compra de votos. Para se ter uma ideia da confusão e incertezas, as 20 milhões de cédulas de votação, impressas em meados de março, trazem o nome de 14 candidatos que ainda brigavam as presidenciais no momento da impressão.

Mas há algo que a história indica como certo nas eleições presidenciais peruanas: nenhum candidato, por mais favorito que possa estar nas pesquisas, tem a garantia de chegar à presidência. Um exemplo é a derrota do escritor e Prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, que nas eleições de 1990 era o grande favorito e foi derrotado no segundo turno por Alberto Fujimori. O então desconhecido agrônomo de origem japonesa venceu com mais de 62% dos votos graças ao apoio das camadas mais pobres e das zonas rurais.

Keiko Fujimori lidera pesquisas desde o início da campanha

Nessas presidenciais 2016, Keiko Fujimori, do partido conservador Força Popular, lidera as pesquisas desde o início da campanha, apesar de herança controvertida do pai. Ela tem 35% das intenções de voto, o que lhe garantiria avançar ao segundo turno em 5 de junho.

A candidata não nega o legado do pai, mas tenta assumir uma postura moderna, democrata e independente. No entanto, a imagem populista e autoritária do pai, que, aos 77 anos, cumpre uma pena de 25 anos por corrupção e crimes contra a humanidade, causa repulsa em parte da sociedade peruana.

Durante seu último comício, Keiko prometeu aplicar um ambicioso plano de segurança para acabar com a delinquência, apontada como a principal preocupação dos peruanos. A política penitenciária anunciada, com prisões construídas a mais de 4 mil metros de altitude, lembra a implantada por seu pai para isolar os guerrilheiros.

Na disputa com chances para chegar ao segundo turno, estão a jovem Verónika Mendoza, de 35 anos, da esquerdista Frente Ampla, e o economista Pedro Pablo Kuczynski, do Peruanos por el Kambio (centro), que aparecem em segundo lugar com um empate técnico de 15%.

Mendoza, educada na França, é um rosto novo e representa uma proposta econômica alternativa, uma novidade em um país que, nos últimos anos, priorizou a economia de mercado.

Economia peruana em alta

Com uma taxa de crescimento médio anual de mais de 6% entre 2006 e 2013, o Peru se converteu em uma das economias mais fortes da regiã e é elogiado por organismos financeiros internacionais. O país, rico em recursos minerais, está entre os cinco maiores produtores mundiais de ouro, prata, cobre, zinco, estanho e chumbo.

Com o fim da bonança das commodities, sua economia desacelerou e, em 2014, registrou um crescimento de apenas 2,4%, devido às quedas na mineração e pesca, outro setor-chave. Mas um bom cenário para suas exportações não tradicionais, as receitas de novos projetos de mineração e uma boa temporada pesqueira permitiram superar as expectativas e anotar uma expansão de 3,26% em 2015, um cenário muito melhor que muitos de seus vizinhos.

Apesar dessa trajetória de crescimento, 22,7% da população ainda vive na pobreza, segundo dados de 2014.

Guerrilha peruana

A guerrilha maoista do Sendero Luminoso (SL) e guevarista do Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA), atuaram no Peru, entre 1980 e 2000. Na guerra dos guerrilheiros contra o Estado, 70.000 pessoas morreram ou desapareceram.

Alberto Fujimori, filho de imigrantes japoneses, governou o país entre 1990 e 2000, dizimou as guerrilhas e seu governo foi marcado por má gestão, compra de políticos e meios de comunicação. Ele teve de renunciar e foi o primeiro presidente peruano condenado por corrupção e crimes contra a humanidade, por ter autorizado a atuação de esquadrões da morte.
 

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