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Garimpo e tráfico são foco de viagem de Macron à Guiana Francesa, onde Comando Vermelho e PCC ganham terreno

O presidente francês, Emmanuel Macron, chegou nesta segunda-feira (25) à Guiana Francesa para uma visita de dois dias ao departamento que faz fronteira com o Brasil. O território vive muitas dificuldades e votou majoritariamente na extrema direita em 2022. Temas como segurança, garimpo ilegal e tráfico de drogas estão no centro da visita do chefe de Estado à região onde o crime organizado vem se expandindo.

O presidente francês Emmanuel Macron (C) encontra a multidão na Place des Palmistes em Caiena, como parte de uma visita de dois dias ao departamento ultramarino francês da Guiana, em 25 de março de 2024.
O presidente francês Emmanuel Macron (C) encontra a multidão na Place des Palmistes em Caiena, como parte de uma visita de dois dias ao departamento ultramarino francês da Guiana, em 25 de março de 2024. AFP - LUDOVIC MARIN
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O chefe de Estado aterrissou no aeroporto de Caiena para uma segunda visita desde que assumiu o poder. A primeira ocorreu em 2017, alguns meses após uma greve que paralisou a Guiana, e ficou gravada na memória da população. Na época, Macron disse que não era “Papai Noel”, quando foi questionado sobre a criação de “um hospital” no local.

Coincidência ou não, a candidata da extrema direita Marine Le Pen teve 60% dos votos contra Emmanuel Macron na Guiana Francesa nas últimas eleições presidenciais, há sete anos.

Desde então, “os compromissos assumidos” foram “quase inteiramente cumpridos”, afirmou Macron ao descer do avião nesta segunda-feira, destacando os “recursos adicionais concedidos ao território guianense” em “quase todas as áreas”.

A começar pela segurança onde o sistema de “100% de controle”, segundo o presidente, “permitiu reduzir drasticamente o tráfico de drogas” no aeroporto de Caiena. As declarações foram feitas antes de Macron se reunir com a polícia local que intercepta, semanalmente, de 30 a 40 quilos de droga na Guiana Francesa.

A França tem dificuldade de garantir a segurança no departamento, quase exclusivamente coberto por floresta primária. Organizações criminosas do Brasil, como o PCC, estão conquistando território, principalmente por meio do Amapá, estado que faz fronteira com a Guiana. Gangues brasileiras estão presentes inclusive na prisão de Remire-Monjoly, perto de Caiena.

Garimpo ilegal

Durante a visita, Macron também planeja abordar a Operação Harpia, “marcada por sua eficácia na luta contra o garimpo ilegal de ouro”, mas também pela perda de vários soldados nos últimos anos. Entre as vítimas, está o major Arnaud Blanc, da unidade especializada em gestão de crises e missões perigosas, o GIGN. Ele foi morto na selva em 25 de março de 2023.

Cerca de 60 homicídios foram registrados no ano passado na Guiana. A região contabiliza mais de 20 assassinatos por 100 mil habitantes: quase quinze vezes mais que a média nacional francesa.

Ao evocar “o que não está avançando suficientemente rápido”, Macron disse que “compartilha a impaciência da população” e prometeu “decisões rápidas”, particularmente na agricultura e na pesca. Estes são alguns dos setores que mais sofrem neste território francês de 300 mil habitantes, onde metade dos habitantes tem menos de 25 anos.

Além disso, o presidente pretende “permitir a exploração sustentável da nossa floresta tropical”, com uma “atividade de ouro responsável e sustentável”.

A viagem do chefe de Estado à Guiana inclui ainda visitas ao mercado de peixes de Caiena, a uma fazenda, e também ao município de Camopi, na fronteira com o Brasil, na floresta amazônica.

Na terça-feira, Macron irá a Kourou para “dar novas perspectivas” ao centro espacial criado há 60 anos pelo General de Gaulle. Em seguida, voará para o Brasil, onde deve pedir ao presidente Lula que reforce a cooperação na luta contra a mineração ilegal de ouro, mas também contra a imigração ilegal que encontrou uma nova rota do Oriente Médio para a Europa através do Brasil e da Guiana.

(RFI e AFP)

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