Ex-presidente de Honduras é julgado em Nova York por suposto tráfico de drogas
O julgamento excepcional do ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández por suposto tráfico de drogas para os Estados Unidos, incluindo o contrabando de 500 toneladas de cocaína, deve começar nesta terça-feira (20) em Nova York. Adiado várias vezes desde sua extradição de Honduras para os Estados Unidos, em abril de 2022, o julgamento de Hernández deve durar cerca de um mês no Tribunal Federal da jurisdição sul, em Manhattan, um dos mais importantes do país.
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O ex-chefe de Estado hondurenho, que ficou no poder de 2014 a 2022 e que se diz “inocente”, foi extraditado há quase dois anos ao fim de seu mandato, após ser acusado de facilitar o contrabando de 500 toneladas de cocaína em troca de milhões de dólares em subornos.
Ele enfrenta o julgamento sozinho, já que os outros dois réus no caso - o ex-chefe da polícia hondurenha Juan Carlos Bonilla e o ex-policial, Mauricio Hernandez - se confessaram culpados de tráfico de drogas para cooperar com a Justiça americana e escapar do processo.
Juan Orlando Hernández afirmou repetidamente que foi vítima de “vingança dos cartéis, uma conspiração orquestrada para que nenhum governo tente pará-los”.
Quando foi presidente, Hernández trabalhou em estreita colaboração com a administração do ex-presidente dos EUA, Donald Trump (2017-2021), recebendo elogios de Washington pelas apreensões de drogas e pela luta contra o crime organizado.
Se for considerado culpado das três acusações apresentadas contra ele – conspiração para tráfico de drogas e outras duas por tráfico e posse de armas – Hernández poderá passar o resto da vida atrás das grades.
Uma condenação o faria juntar-se a outros ex-líderes latino-americanos julgados e condenados nos Estados Unidos, como o panamenho Manuel Noriega, em 1992, e o guatemalteco Alfonso Portillo, em 2014.
Em 2023, o antigo “czar” mexicano da luta contra as drogas, o ex-ministro Genaro Garcia Luna, foi considerado culpado em Nova York por tráfico de drogas. Sua sentença de prisão será pronunciada em 24 de junho.
Para os procuradores federais americanos, o antigo presidente hondurenho tornou-se, de fato, um traficante de drogas e transformou seu pequeno país centro-americano num “narcoestado” com a ajuda de militares, polícia e civis.
A promotoria, em Nova York, também acusa Hernández de ter enriquecido com o dinheiro das drogas, de ter financiado as suas campanhas eleitorais e de ter se envolvido em fraudes durante as eleições de 2013 e 2017.
(Com AFP)
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