Acessar o conteúdo principal

ONGs e países da região criticam Venezuela por expulsão de funcionários da ONU

Após o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, anunciar na tarde desta quinta-feira (15) que os treze funcionários do gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU têm até a próxima segunda-feira para deixar a Venezuela surgiram várias repercussões dentro e fora do país.

Bandeira da ONU hasteada em frente ao escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos em Caracas.
Bandeira da ONU hasteada em frente ao escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos em Caracas. AFP - FEDERICO PARRA
Publicidade

Por Eliana de Aragão Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas 

Organizações Não Governamentais (ONGs) e defensores de Direitos Humanos criticaram a ordem do governo de Nicolás Maduro de expulsar do país os representantes das Nações Unidas que acompanhavam a situação dos Direitos Humanos na Venezuela.

A ONG Provea destacou, através das redes sociais, que esta ordem do governo venezuelano "aumenta a falta de proteção às vítimas frente aos abusos e visa impedir a observação dos organismos de proteção internacional diante de graves violações".

Por sua vez, o jornalista e ativista de Direitos Humanos, Luis Carlos Díaz, ressaltou que “todos na Venezuela estamos mais vulneráveis”. Díaz foi preso em 2019, em situação análoga à da advogada Rocío San Miguel.  

Uma publicação do Alto Comissariado da ONU, feita pelas redes sociais, sobre a prisão arbitrária da advogada e presidente da ONG Controle Cidadão, efetuada na última sexta-feira, serviu de estopim para o governo bolivariano anunciar a expulsão.

A mensagem do Alto Comissariado ressaltava que “após declarações das autoridades, notamos que o local de detenção de Rocío San Miguel - portanto o seu paradeiro - foi confirmado e quatro familiares foram libertados condicionalmente. As garantias do devido processo, incluindo o direito à defesa, devem ser respeitadas”.

Acusações do governo

 

De acordo com o comunicado divulgado pela chancelaria venezuelana, a “decisão foi tomada devido ao papel inadequado que esta instituição desenvolveu, que longe de se mostrar uma entidade imparcial, levou a se tornar o escritório de advocacia privado dos grupos golpistas e terroristas que conspiram constantemente contra o país. Desde a assinatura da referida Carta de Entendimento, o Gabinete do Alto Comissariado manteve uma posição claramente tendenciosa, tentando constantemente gerar impunidade para as pessoas envolvidas em várias tentativas de assassinato, golpes de Estado, conspirações e outros ataques graves à soberania e à Constituição da República Bolivariana da Venezuela”.

Ravina Shamdasani, porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos da ONU, informou que “lamentamos o anúncio e estamos avaliando os próximos passos a tomar. Continuamos conversando com as autoridades e outros atores. Nossos princípios foram e continuarão sendo a promoção e proteção dos direitos humanos dos venezuelanos”.

Por sua vez, a vencedora das primárias da oposição às eleições presidenciais, María Corina Machado exigiu que países latino-americanos se pronunciem sobre a expulsão dos funcionários do Alto Comissariado da ONU na Venezuela.

 

O chanceler venezuelano Yván Gil durante a entrevista coletivo na qual anunciou a decisão de expulsar representantes do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. 15/02/2024
O chanceler venezuelano Yván Gil durante a entrevista coletivo na qual anunciou a decisão de expulsar representantes do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. 15/02/2024 via REUTERS - VENEZUELA'S FOREIGN MINISTRY

Reações dos governos vizinhos

Os governos de Argentina, Costa Rica, Equador, Paraguai e Uruguai manifestaram preocupação pela prisão de Rocío San Miguel e condenaram o governo venezuelano por suspender as atividades do Alto Comissariado das Nações Unidas no país. Até a noite desta quinta-feira (15) o Brasil não havia se posicionado a respeito da decisão de Venezuela de pedir a saída dos funcionários da ONU.

Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, parabenizou o chanceler Yván Gil pela expulsão e classificou de “intrometidos” os funcionários do Alto Comissariado da ONU na Venezuela.

Em 2019, a missão da ONU recebeu permissão do governo de Nicolás Maduro para se instalar na Venezuela após uma visita a este país de Michelle Bachelet, a então representante da pasta.  

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.