Acessar o conteúdo principal

Idade avançada de Joe Biden favorece Trump na eleição presidencial americana, diz especialista

A idade de Joe Biden, 81 anos, voltou a ser alvo dos ataques dos republicanos e de preocupação para os democratas. A polêmica sobre a saúde do presidente americano voltou à tona depois que o Ministério Público dos EUA decidiu não processar o presidente por má gestão de documentos sigilosos. O motivo é que Biden teria "falhas de memória" por conta da idade avançada. 

Joe Biden susține că nu are probleme de memorie și că audierile au avut loc imediat după 7 octombrie când se ocupa de o criză internațională majoră
O presidente Joe Biden chega para falar na Sala de Recepção Diplomática da Casa Branca, quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024, em Washington. AP - Evan Vucci
Publicidade

A decisão gera questões sobre até que ponto a idade de Biden pode interferir na próxima eleição presidencial americana, que promete ser acirrada. O procurador especial Robert Hur afirma, em um relatório de 388 páginas, publicado nesta quinta-feira (8), que um júri teria dificuldades em condenar Joe Biden, “um idoso simpático, com boas intenções e uma memória ruim”.

No documento, Hur afirma, por exemplo, que durante os interrogatórios, Biden esqueceu a data da morte de seu filho e que não se lembrava da época que era vice-presidente de Barack Obama.  

As afirmações do procurador causaram a revolta do presidente americano, que convocou uma coletiva de imprensa. “Eu tenho boas intenções, eu sou um homem idoso e eu sei o que faço, pelo amor de Deus! Não tenho problemas de memória”, respondeu Biden. Mas poucos minutos depois, o presidente cometeu outra gafe, dizendo que o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, governava o México.  

As razões citadas pelo procurador geram outros problemas para Biden. “Joe Biden cometeu nas últimas semanas um certo número de gafes, de confusões e a campanha de Donald Trump aproveita, explorando isso ao máximo”, diz Vincent Michelot, professor de história política dos Estados Unidos da Sciences Po de Lyon, na França, na RFI. Mas para ele, isso não mudará o tom da campanha, que não será decidida apenas a partir das capacidades intelectuais de um ou de outro candidato, ou unicamente sobre suas imagens.

“A imagem do presidente ficou, sem dúvida, afetada” diz ele. “Mas é preciso dizer que esta será uma eleição de rejeição. Os eleitores americanos, em novembro, não se pronunciarão para aderir a um programa ou a uma personalidade", avalia. "Os republicanos rejeitarão um modelo de sociedade descrito como catastrófico e destruidor para a democracia americana por Donald Trump. Os eleitores democratas se pronunciarão para rejeitar o espectro de uma ditadura trumpista. Trata-se simplesmente de saber qual dos dois mobilizará mais seus próprios eleitores”, analisa.  

Sem possibilidade de impeachment

Donald Trump, de 77 anos, é um pouco mais novo que Joe Biden. No entanto, ele escapa deste tipo de julgamento. Para Michelot, o ex-presidente projeta uma imagem de maior vigor físico. “Ele é muito mais dinâmico, mesmo que seja apenas na sua abordagem, nas suas campanhas, em comparação ao atual presidente, que caminha de maneira um pouco robótica e que costuma cometer erros”, diz.

Mas, para o especialista, não existe a possibilidade de um impeachment do presidente. “Pelo contrário, os republicanos teriam de certa forma interesse, se quiserem continuar neste tema da idade ou da senilidade, em explorar ao máximo esta tese e não obrigá-lo a se submeter a um processo, que, de qualquer forma, tem poucas chances de sucesso”, diz.

O problema é que, mesmo dentro da ala democrata, a questão da idade de Biden gera questionamentos.

“Especialmente porque as pesquisas são implacáveis. Para cerca de 75% dos americanos, Biden está velho demais para cumprir um segundo mandato presidencial. E mais importante ainda, 66% dos eleitores democratas vão na mesma direção”, diz.

Mas não existe uma alternativa, lembra o especialista, nesta fase da campanha e das primárias, Biden será o candidato democrata. A estratégia do partido será provavelmente simplesmente colocar em segundo plano, tanto quanto for possível, os problemas de expressão e de memória do presidente.

“Porque para ele é tarde demais! É tarde demais para que Biden desista de uma reeleição. Se ele tivesse que tomar essa decisão, já teria sido há 6 meses, ou até há um ano. Hoje é tarde demais”, diz.

O problema é que em uma eleição acirrada, como será provavelmente americana, qualquer deslize pode significar um eleitor a menos.  

“Será uma eleição muito disputada. O vencedor terá algumas centenas de votos a mais em vários dos principais estados. É precisamente aí que está em questão a capacidade de um Biden idoso mobilizar segmentos do eleitorado que são precisamente jovens. E algumas centenas de votos poderiam inclinar a balança em uma direção ou outra. A questão da idade e da acuidade mental neste caso será decisiva”, diz.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.