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Incêndios no Canadá: “Dei carona para pessoas que fugiam da cidade", conta morador de Yellowknife

Os cerca de 20 mil moradores de Yellowknife, uma das principais cidades do extremo norte do Canadá, estão empenhados em uma corrida contra o tempo nesta sexta-feira (18) para deixarem suas casas, ameaçados por um grande incêndio florestal. Mais de 200 focos de incêndio continuam ativos na região.

Cerca de 20 mil moradores de Yellowknife, uma das principais cidades do extremo norte do Canadá, se apressam para deixarem suas casas sob a ameaça de um grande incêndio florestal.
Cerca de 20 mil moradores de Yellowknife, uma das principais cidades do extremo norte do Canadá, se apressam para deixarem suas casas sob a ameaça de um grande incêndio florestal. Bonita Kay Summers via REUTERS - BONITA KAY SUMMERS
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Pascale Guericolas, correspondente da RFI em Yellowknife

As autoridades territoriais, que emitiram a ordem de retirada na noite de quarta-feira (16) e deram aos residentes até o meio-dia desta sexta-feira (pelo horário local) para sairem, estimam que cerca de 1,5 mil pessoas deixaram a área por via aérea, enquanto centenas de outros fugiram pela única rodovia que liga as comunidades do norte a Alberta, uma província vizinha ao sul.

Nesta sexta-feira, o dobro de voos do dia anterior deve permitir a retirada dos moradores do norte do país que ainda estiverem no local. As autoridades, no entanto, tranquilizaram a população em uma coletiva de imprensa no final da noite de quinta-feira (17), afirmando que os voos continuariam para além do prazo anunciado.

Viajando durante a madrugada para evitar engarrafamentos na saída de Yellowknife, o morador Batiste Foisy dirigiu em velocidade reduzida por longas horas em meio a uma fumaça densa, em um comboio de cinco veículos. Ele fez uma pausa no único vilarejo 300 km ao sul da cidade, pensando nas próximas decisões e providências que teria que tomar.

“Dei carona para pessoas que estavam fugindo da cidade. Não sei quais são seus planos, se são aguardados em algum lugar. Eu penso em [procurar] um lugar à beira de um lago, onde poderia ficar se tiver que passar alguns dias esperando que o vento mude”, ele conta.

“Haverá voos suficientes para todos”

Na cidade, futuros passageiros de voos com destino a diversas cidades de Alberta formam uma enorme fila em um estacionamento. Eles aguardam para descobrir em que avião podem embarcar para fugir de Yellownife e a que horas. Pessoas com dificuldades de locomoção são prioritárias.

“Os voos continuarão até que não sejam mais necessários. Então as pessoas não precisam se preocupar, pensando que se não estiver em um voo hoje, não irão sair. Haverá voos suficientes para todos”, garante Rebecca Alty, prefeita de Yellowknife.

"Vamos continuar até conseguirmos tirar todos de Yellowknife", também afirmou Jennifer Young, da equipe dos serviços de emergência dos territórios do noroeste do país. Este resgate em massa em um território tão remoto é "particularmente difícil", explicou no início da semana Mike Westwick, do serviço territorial de controle de incêndios.

O local de acolhimento mais próximo de Yellowknife fica a 1,1 mil km de distância, em Alberta, onde diversos centros foram erguidos para receber as pessoas deslocadas.

Companhias aéreas mobilizadas

Companhias aéreas privadas também se mobilizam para facilitar a saída dos moradores de Yellowknife. Para evitar oportunismos meio à situação de crise, as empresas West Jet e Air Canada decidiram limitar os preços dos bilhetes em € 240 em média para os que deixam a cidade.

A Air Canada adicionou três voos de partida de Yellowknife e substituiu parte de sua frota local por aeronaves maiores. Já a West Jet ofereceu na quinta-feira um voo adicional para a cidade de Calgary, em Alberta.

A companhia também aumentou o limite de animais de estimação a bordo para evitar que cães e gatos sejam deixados para trás. Mas a ajuda se revelou um pouco decepcionante quando a empresa aérea anulou dois voos nesta sexta-feira, último dia de retiradas.

A empresa alegou o cancelamento como uma precaução para a segurança de sua tripulação e passageiros. Ao todo, 21 voos comerciais farão a retirada de dois mil passageiros nesta sexta-feira.

No aeroporto, moradores se preparam para serem retirados de Yellowknife, onde incêndios florestais ameaçam a cidade. Canadá, em 17 de agosto de 2023.
No aeroporto, moradores se preparam para serem retirados de Yellowknife, onde incêndios florestais ameaçam a cidade. Canadá, em 17 de agosto de 2023. REUTERS - JENNIFER GAUTHIER

Incêndios excepcionais e históricos

O incêndio, localizado a cerca de 15 km dos limites de Yellowknife, pode atingir a cidade no fim de semana, alertaram as autoridades, principalmente porque os ventos não devem favorecer os bombeiros.

O exército canadense foi chamado como reforço no local para ajudar principalmente no nível logístico. Cerca de 120 militares foram mobilizados, equipados com aviões e helicópteros.

O Canadá está passando por uma temporada excepcional e histórica de incêndios florestais este ano, que quebra todos os recordes. Mais de mil incêndios assolam atualmente o país de leste a oeste, incluindo mais de 230 nos territórios do noroeste e mais de 370 na Colúmbia Britânica, na costa oeste, onde foram emitidas ordens de retirada na quinta-feira em West Kelowna, no centro-sul da província.

Quase 14 milhões de hectares - aproximadamente o tamanho da Grécia - queimaram até agora este ano no Canadá, quase o dobro do último recorde de 1989.

(Com informações da AFP)

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