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Boeing deixa de fabricar o 747, um marco da história da aviação civil

A Boeing entrega, nesta terça-feira (31), o último exemplar de seu lendário 747, o avião que democratizou o transporte aéreo e que, desde a década de 1990, é usado pelos presidentes dos Estados Unidos. A empresa vira uma página importante da aviação civil, mais de 50 anos depois do primeiro voo do "Jumbo".

O último Boeing 747, em voo de teste, em 10/01/23, em Everett, Washington.
O último Boeing 747, em voo de teste, em 10/01/23, em Everett, Washington. AP - Jennifer Buchanan
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Facilmente reconhecível pela corcova na parte frontal da fuselagem, o 747 é composto por cerca de 6 milhões de peças produzidas no mundo todo. A montagem acontecia na fábrica de Everett, no estado de Washington, especialmente erguida para finalizar os aviões – foram um total de 1.547.

Milhares de atuais e antigos funcionários, clientes e fornecedores da fabricante de aeronaves são esperados para assistir à entrega do avião, um cargueiro 747-8, à Atlas Air, às 18h, horário local.

Graças ao seu tamanho, alcance e eficiência, o 747 "permitiu que a classe média se aventurasse para fora da Europa, ou dos Estados Unidos, com passagens cada vez mais acessíveis, mesmo durante a crise do petróleo dos anos 1970", disse Michel Merluzeau, especialista em aviação da empresa AIR.

"Abriu o mundo", enfatizou, antes de ser superada por aviões mais eficientes e que economizam querosene.

Longa história

A história do 747 começou na década de 1960, quando o transporte aéreo se popularizou e os aeroportos tiveram de enfrentar um aumento do tráfego. A pedido da Pan Am, a Boeing decidiu construir um avião que pudesse transportar muito mais passageiros.

Inicialmente, seus engenheiros imaginaram duas fuselagens sobrepostas, mas se preocuparam com a situação dos passageiros mais altos, em caso de evacuação da aeronave.

"Em vez de fazer o avião mais alto, vão torná-lo mais comprido", explicou o historiador da Boeing Michael Lombardi.

Assim, o 747, também chamado de "rainha dos céus", ou "Jumbo", viria a se tornar o primeiro avião com dois corredores.

Equipada com quatro motores, a aeronave também foi projetada, desde o início, para o transporte de cargas. Assim, para facilitar o carregamento de grandes volumes, ela abre pela parte dianteira.

Por isso, a cabine foi instalada mais acima, com alguns assentos reservados para os privilegiados atrás, criando essa saliência tão característica.

O 747 continuou sendo o maior avião do mercado até a chegada do Airbus A380, nos anos 2000.

Air Force One em preparação

"Embora o 747 tenha sido redesenhado três ou quatro vezes, a evolução tecnológica foi bastante limitada em termos de eletrônica e motores", disse Merluzeau.

Da última adaptação, o 747-8 lançado em 2005, a Boeing vendeu apenas 48 versões de passageiros, e 107, de carga.

As companhias, como a Qantas e a British Airways, estão gradualmente eliminando estes aviões das suas frotas. Nos Estados Unidos, nenhuma empresa o utiliza desde o fim de 2017.

A Boeing anunciou em 2020 que interromperia sua produção em 2022, embora vá continuar voando por algumas décadas, especialmente em sua versão de carga.

O 747 tem sido o avião dos presidentes americanos desde 1990 e continuará com a Casa Branca ainda por vários anos, já que dois exemplares estão sendo modificados para substituir o Air Force One atualmente em serviço.

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