Acessar o conteúdo principal

Ex-procurador-geral do México será julgado pelo desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa

Uma nova reviravolta acontece no emblemático caso dos 43 estudantes mexicanos de Ayotzinapa, sequestrados e desaparecidos na noite de 26 para 27 de setembro de 2014. O ex-procurador-geral do México Jesús Murillo Karam, em prisão preventiva desde sexta-feira (19), será julgado por um tribunal criminal. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (24) por um juiz mexicano que considerou que existem elementos suficientes para o julgamento.

A Procuradoria Geral da República do México ordenou a prisão do ex-procurador-geral Jesús Murillo Karam por desaparecimento forçado, tortura e crimes contra a administração da justiça.
A Procuradoria Geral da República do México ordenou a prisão do ex-procurador-geral Jesús Murillo Karam por desaparecimento forçado, tortura e crimes contra a administração da justiça. AFP - YURI CORTEZ
Publicidade

Por Gwendolina Duval, correspondente da RFI no México

Jesús Murillo Karam, acusado de desaparecimento forçado, tortura e obstrução da Justiça, terá de responder perante a administração judicial. No momento do desaparecimento dos 43 estudantes do estado de Guerrero, como procurador-geral da República vinculado ao gabinete presidencial, ele era o encarregado de supervisionar a investigação.

Foi Karam, então, quem forjou o que se chama de "verdade histórica", em suas próprias palavras: um cenário montado pelas autoridades da época que encena a morte dos estudantes e omite a implicação das forças militares.

A investigação já vinha sendo alvo de muitas críticas desde o início: muitas inconsistências e erros foram apontados por especialistas que também denunciaram, à época, a tortura de certas testemunhas. No entanto, mesmo após a decisão desta quarta-feira, o ex-procurador-geral continua sustentando sua versão, embora extremamente controversa e negada pelo último relatório sobre o caso, emitido por uma comissão especial.

Jesús Murillo Karam, importante figura do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por 71 anos ininterruptos, é a maior personalidade política presa neste caso. Em 2014, ele já tinha estado no centro de uma polêmica, quando encerrou uma coletiva de imprensa e recusou-se a dar explicações às famílias das vítimas sobre os fatos sob o pretexto de “estar cansado”, menos de três meses após o desaparecimento dos estudantes.

Crime de Estado

Após oito anos de mistério e investigação sobre este caso obscuro, em que as famílias exigem implacavelmente a verdade, um relatório do governo divulgado na semana passada declara que este foi um crime de Estado, destacando o papel das autoridades mexicanas nos assassinatos.

O desaparecimento dos jovens aconteceu na noite de 26 de setembro de 2014, quando eles se dirigiam à cidade de Iguala, no estado de Guerrero, onde pegariam um ônibus para irem até a Cidade do México, para participar de protestos. O sumiço dos estudantes constitui uma das piores violações de direitos humanos do México e gerou uma forte comoção internacional. Até hoje, apenas três restos mortais das vítimas foram localizados e identificados.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.