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Ex-militar líder de grupo de ultradireita é preso nos EUA por conspirar para invasão do Capitólio

O chefe e fundador do grupo de extrema direita Oath Keepers foi preso nesta quinta-feira (13) nos Estados Unidos por seu papel na invasão ao Capitólio, em Washington, no dia 6 de fevereiro de 2021. Stewart Rhodes, ex-militar de 56 anos, é acusado de conspiração sediciosa para impedir a passagem de poder para o atual presidente Joe Biden.

Stewart Rhodes, fundador da milícia de extrema direita Oath Keepers, foi preso nesta quinta-feira (13) acusado de conspirar para a invasão do Capitólio em 2021. Nesta foto, Rhodes aparece em 2017.
Stewart Rhodes, fundador da milícia de extrema direita Oath Keepers, foi preso nesta quinta-feira (13) acusado de conspirar para a invasão do Capitólio em 2021. Nesta foto, Rhodes aparece em 2017. AP - Susan Walsh
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Ed Vallejo, acusado de tomar parte na conspiração, também foi preso pelo FBI nesta quinta. Outros nove membros da milícia são réus pelo mesmo crime, a acusação mais grave imposta até agora às pessoas que participaram da invasão do prédio do Capitólio há um ano. Se forem considerados culpados, eles poderão ser condenados a até 20 anos de prisão.

Segundo a acusação, Stewart Rhodes "conspirou" com alguns dos acusados "com o objetivo de impedir a transferência pacífica do poder", inclusive "através do uso da violência".

"Eles organizaram o transporte de todo o país para Washington, equiparam-se com todo tipo de armas, vestiram-se com equipamentos de combate e estavam prontos para responder aos apelos de Rhodes às armas", diz o documento da acusação.

No dia do ataque, Stewart Rhodes estava perto do Capitólio, mas as investigações ainda não esclareceram se ele chegou a invadir o prédio ou ficou do lado de fora.

Quem são os Oath Keepers?

O grupo de extrema direita foi fundado em 2009 por Rhodes e é considerado a face mais violenta do grupo de apoiadores que Donald Trump mantém.

Vestidos com roupas militares e capacetes, eles eram numerosos no dia da invasão do Capitólio. E seu papel na tentativa de golpe à democracia norte-americana parece cada vez mais importante. Entre os 68 presos neste ano por conta do ataque, muitos tinham vínculos com essa milícia de extrema direita. Alguns deles levaram armas e até mesmo explosivos ao Capitólio, conta uma reportagem da ABCNews.

O grupo, autodenominado Oath Keepers ou "Guardiões do Juramento", não é apenas mais um movimento radical que, como os Q-Anonistas, Boogaloo ou Proud Boys, ganhou visibilidade durante o mandato de Donald Trump. Sua história, perfil de membros e ideologia o destaca na paisagem de extremistas de direita nos EUA.

Fundada como reação à eleição do democrata Barack Obama como presidente, a milícia transformou-se ao longo dos anos "no maior movimento radical anti-governo do país”, como classifica o Southern Poverty Law Center (SPLC), organização que monitora os grupos de extrema direita dos EUA.

Os Oath Keeper dizem oficialmente contar com mais de 30.000 membros, mas o SPLC estima que deve haver entre 2.000 e 3.000 membros ativos.

De Yale à conspiração

O sucesso do grupo se deve em grande parte à personalidade de seu fundador, Stewart Rhodes, um ex-militar que foi para a prestigiosa Universidade de Direito de Yale e que apoiou o candidato libertário Ron Paul em 2008, antes de se aproximar de teorias conspiratórias.

Este fanático por armas, que perdeu um olho nos anos 90 enquanto manuseava uma arma, concebeu sua organização como um refúgio para policiais frustrados.

O que distingue os Oath Keepers de outras milícias de extrema direita "é a grande quantidade de representantes e antigos membros de várias forças armadas", resume The Atlantic em uma investigação sobre este movimento publicada em novembro de 2020. O grupo inclui, entre outros, policiais, guardas de fronteira, pelo menos um agente dos Serviços Secretos, vários membros da SWAT (força de intervenção rápida da polícia) e um xerife.

Para aderir a este movimento, deve-se fazer um juramento "para defender a constituição" durante uma cerimônia modelada na de adesão à força policial. Mas para Stewart Rhodes e seus colegas, a Constituição está mais ou menos resumida na famosa Segunda Emenda, que estabelece o direito de possuir uma arma de fogo. E o inimigo contra o qual este texto sagrado deve ser defendido é o governo, suspeito de querer confiscar todas as armas em circulação, a fim de estabelecer uma ditadura.

Uma ilusão conspiratória que também faz parte do DNA dos Oath Keepers. Assim como a ideia, forte entre eles, de que a maioria dos países do mundo já está sob o jugo de um governo 'socialista' globalizado e que os Estados Unidos é um dos últimos bastiões da 'liberdade'.

(Com informações da France24 e da AFP)

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