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Moçambique

Morte de três moçambicanos envolta em mistério

Em Moçambique a causa da morte de três jovens cujos corpos foram encontrados carbonizados continua por identificar. A Liga dos Direitos Humanos acusa a polícia de estar implicada e avança que há fortes indícios de execução sumária, acusações que são categoricamente desmentidas pela porta-voz do Comando Geral da Polícia.

Miguel Martins/RFI
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Amílcar Andela, vice-presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, afirma que a Liga teve conhecimento da história através do relato de familiares das vítimas: " os jovens eram quatro, eles saíram para dar uma volta e foram apanhados pela polícia, na zona Costa do Sol. Quando foram interceptados pela polícia, que estava à paisana, um deles conseguiu fugir e avisar os familiares... e a partir daí os jovens desapareceram".

Dias depois foi encontrado uma viatura com os três corpos no interior carbonizados: "as pessoas estavam amarradas com arames, tinham sido carbonizadas, e parece-nos que antes de serem carbonizadas foram executadas".

O vice-presidente da Liga de Moçambique acrescenta que neste momento estão a dar apoio aos familiares das vítimas e que foi aberto um processo-crime para investigação do caso: "a Liga indicou três advogados para trabalharem com os familiares das vítimas e vamos na medida do possível tentar investiga. Nós tivemos acesso ao relatório das autópsias para tentar perceber quais é que foram as causas da morte, e não temos dúvidas de que as pessoas foram amarradas para serem executadas".

01:17

Amilcar Andela, vice-presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique

Contactado pela RFI o porta-voz do Comando Geral da Polícia de Moçambique, Pedro Cossa, apresenta uma versão diferente da história: " a polícia foi alertada por um indivíduo, que se encontrava nas imediações do local onde se deu o incidente e ouviu tiros. A polícia do distrito de Marracuene foi lá e encontrou uma viatura em chamas e apercebeu-se que no interior havia corpos que estavam a ficar carbonizados".

Na manha seguinte a polícia dirigiu-se de novo ao local: " já pela manhã a polícia deu conta de cartuchos de arma e viu vestígios de sangue fora do automóvel.. o que levou a polícia a concluir que as pessoas terão sido mortas antes, e introduzidas depois na viatura".

Questionado sobre quem seriam os responsáveis pela morte dos três jovens, Pedro Cossa, responde que é isso o que a polícia está a tentar fazer. O responsável negou ainda a notícia da publicação mediaFax que o cita dizendo que os três jovens teriam sido carbonizados por homens armados, numa suposta alusão a homens da Renamo, principal força de oposição no país:" eu não disse isso, nessa conferência nem sequer pronunciei o nome da Renamo. A polícia está agora a tentar perceber se a viatura vinha de Xai-Xai ou de Maputo, se se trataria de uma perseguição ou de um ajuste de contas".

01:32

Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da Polícia de Moçambique

 

 

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