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Em visita à África, Blinken quer mostrar que os EUA são “boa opção” diante da concorrência chinesa

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, termina seu giro pela África nesta quarta-feira (24), em Angola. Ele chegou à Cabo Verde nesta segunda-feira (22) e depois seguiu para a Nigéria e a Costa do Marfim. A visita do chefe da diplomacia americana acontece em meio ao crescente investimento chinês no continente. Em entrevista à RFI, em Abdjan, ele afirmou que o objetivo não é pedir aos países africanos que escolham entre os Estados Unidos e a China, mas de “oferecer uma boa opção”.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, em Abidjan, em 23 de janeiro de 2024.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, em Abidjan, em 23 de janeiro de 2024. © Service de presse de la présidence ivoirienne
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“Para nós, não se trata de dizer aos amigos ou a outras pessoas: ‘você tem que escolher’. Não, para nós o desafio é mostrar que oferecemos uma boa opção e depois os amigos e outras pessoas decidem”, disse Blinken. “Além disso, as necessidades são tantas que há espaço para todos. Estamos tentando apoiar e trazer investimentos nivelando por alto. Com os melhores padrões, para que não haja uma enorme dívida que não possa ser desfeita”, afirmou quando indagado sobre as relações da África com a China.

A visita de Blinken à Costa do Marfim acontece uma semana depois da passagem do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, pelo país.

O tom do secretário de Estado americano mudou ao comentar as parcerias dos países africanos com a Rússia, sobretudo militares. “O problema que temos visto em toda a África, em países que decidiram colocar o seu destino nas mãos do grupo russo Wagner, por exemplo, é que a violência, o terrorismo e o abuso de recursos estão na sequência. Nós víamos isso todas às vezes”, alegou.

“E, ao contrário de haver melhor segurança para os povos em questão, de fato, a insegurança tem aumentado em cada país onde, por exemplo, o grupo Wagner opera ou atuou. Então para nós esta não é a resposta, muito pelo contrário”, afirmou.

Blinken disse que acredita que os países africanos devam se apoiar mutuamente e defendeu o papel da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, a CEDEAO nesta cooperação entre países, e afirmou que os EUA prestam um apoio diplomático ao bloco, que sofreu recentemente vários golpes de Estado.

“O que tentamos fazer é, em primeiro lugar, garantir que existam respostas africanas aos problemas da África, mas apoiadas pelos Estados Unidos. Não podemos substituir os países africanos. Pelo contrário, queremos apoiá-los e agir em conjunto, porque já não estamos numa situação em que fazemos a pergunta: ‘O que podemos fazer pela África?’”, e sim, ‘O que podemos fazer com a África?’", afirmou.

“Por isso procuramos ter parcerias reais onde escutamos, para tentar perceber o que pode dar certo no desafio que temos pela frente”, completou.

Golpe de Estado

O secretário de Estado americano esteve no Níger pouco antes do golpe de Estado no país, em 26 de julho do ano passado. “Estive com o presidente [Mohamed] Bazoum, alguém que foi um líder muito bom para o Níger e que, além disso, deveria ser libertado imediatamente; estamos à espera dessa libertação do presidente Bazoum”, disse.

Após o golpe, os Estados Unidos suspenderam temporariamente alguns programas de assistência externa ao governo do Níger, que totalizavam quase US$ 200 milhões. Blinken afirmou que a liberação de Bazoum e a volta ao “caminho da democracia” é um requisito para uma transição clara para um sistema democrático.

“Se assim for, podemos agir desta forma, ou seja, toda a cooperação que suspendemos, dada a ação do Estado. Podemos colocar isso de volta em jogo, mas depende inteiramente da abordagem do CNSP [Comitê Nacional para a Salvação do Povo]. Eles estão colocando o Níger de volta no caminho certo? Se for este o caso, acredito que a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, será capaz de responder positivamente. Se este não for o caso, obviamente a relação entre nós e o Níger - e entre muitos outros países além do Níger - ficará num estado completamente diferente”, alertou.

Blinken também ofereceu uma ajuda suplementar de U$ 45 milhões aos países costeiros do ocidente africano, que devem ser usado em novas tecnologias para a segurança da região contra a "ameaça terrorista".

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