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Primeira Cúpula Africana do Clima quer “propor soluções africanas”, de olho na COP28

Nesta segunda-feira (4), começou a primeira reunião da Cúpula Africana do Clima, em Nairobi (Quênia). Durante três dias, líderes de nações da África e países convidados, além da sociedade civil, empresas públicas e privadas e organizações internacionais, discutem meios de transformar o continente africano em uma potência em energias renováveis. 

A Cúpula Africana do Clima organizada conjuntamente pela União Africana e governo queniano, acontece em Nairobi, Quênia, de 4 a 6 de setembro de 2023.
A Cúpula Africana do Clima organizada conjuntamente pela União Africana e governo queniano, acontece em Nairobi, Quênia, de 4 a 6 de setembro de 2023. AFP - LUIS TATO
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Cerca de 20 chefes de Estado e de governo africanos e quase 20 mil membros de delegações de todo o mundo se reúnem em Nairobi até quarta-feira (6). O presidente queniano, William Ruto, abriu a cúpula histórica com objetivo de tornar a África uma potência emergente no crescimento verde e buscar assistência financeira internacional para revelar as "oportunidades inigualáveis" do continente.

Esta primeira reunião dá início aos quatro meses mais movimentados do ano para as negociações climáticas internacionais. O encontro pretende chegar a um projeto em comum para o continente, que irá culminar com uma batalha sobre o fim dos combustíveis fósseis na COP28, em Dubai, no final do ano.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o presidente da União Africana, Azali Assoumani, são recebidos na capital queniana pelo presidente Ruto. Ele espera que esta cúpula permita ao continente encontrar uma linguagem comum sobre desenvolvimento e clima, a fim de “propor soluções africanas”, conduzindo à assinatura de uma “declaração de Nairobi” na COP28.

William Ruto quer que esta reunião marque uma mudança na forma como o continente se mobiliza em questões ambientais.

Compromissos concretos e fortes

Os países do continente africano estão entre os potencialmente mais vulneráveis ​​às alterações climáticas, com secas, inundações, ciclones, entre outros desastres naturais, em meio a um contexto de pobreza e infraestruturas deficientes. Assim, faltam recursos para responder aos eventos climáticos, especialmente porque vários países sofrem com dívidas externas.

A necessidade de uma nova arquitetura financeira para o clima deverá, portanto, estar no centro das discussões, em torno da reestruturação da dívida, por exemplo, ou do estabelecimento de impostos sobre os combustíveis fósseis e as indústrias poluentes, como a aviação e o transporte marítimo.

Esperam-se compromissos, em particular, para o aumento da produção agrícola, da proteção dos oceanos e das florestas e até no desenvolvimento de energias renováveis.

“Espero que poderemos nos afastar dos combustíveis fósseis e de falsas soluções, como os créditos de carbono, e que os líderes africanos insistam na necessidade de investimentos no setor das energias renováveis”, confidencia Charity Migwi, ativista climática da associação 350 Africa.

“Devem também pressionar pela implementação das promessas de financiamento climático, para que os fundos sejam disponibilizados”, acrescenta ela. "Os estados africanos já estão muito endividados. A concessão de mais empréstimos para financiar ações climáticas significaria nos empurrar para a pobreza", alega.

Declaração de Nairobi

Uma “declaração de Nairobi” seria um documento que reuniria propostas comuns a diferentes estados africanos sobre o clima. Este é um ponto particularmente importante para Cherop Soy, uma ativista queniana que representa a juventude.

“Os países africanos têm geografias e contextos variados”, recorda ela, “mas continua a ser importante que o continente possa falar com uma voz unificada já que, em geral, os desafios que enfrentamos são muito semelhantes", aponta.

Em entrevista à RFI, Fatima Diallo, diretora-executiva da Cradesc, organização que atua na área da transição energética no Senegal, acredita que a cúpula precisa provocar uma verdadeira mudança de paradigma para ser útil.

“Vou para lá com um estado de espírito muito construtivo e, ao mesmo tempo, muito crítico. Não queremos que sejam apenas réplicas das diferentes COPs. Vimos o desastre que foi a COP27, na nossa opinião, enquanto representantes da sociedade civil", disse. Estamos confusos sobre a próxima COP e por isso vamos para lá, mesmo assim, com um espírito muito construtivo e muito positivo, esperando que não seja só mais um debate."

Fatima Diallo ressalta o compromisso do Banco Africano de Desenvolvimento e dos Estados para "tornar da cúpula uma  realidade”. "Portanto, esperamos realmente que, para além dos belos discursos, saiamos com uma declaração que nos permita avançar para um plano de ação e um roteiro muito claros, em que os Estados também assumam compromissos muito claros de que teriam a obrigação de implementação", salientou. 

(Com AFP)

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